Lojistas esperam aquecimento de “última hora” nas vendas natalinas

Adriana Lampert

Com intenso movimento nas lojas de shoppings e de rua, apesar da pandemia de Covid-19, os resultados das vendas de Natal em Porto Alegre estão muito próximos do mesmo período de 2019. Segundo entidades do varejo, a estimativa é de que as comercializações vinculadas à principal data para o varejo este ano fiquem 10% abaixo das ocorridas no mesmo período do ano passado.

“No decorrer de 2020, as empresas passaram por uma situação muito difícil, mas vem melhorando gradualmente”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Írio Piva. “Agora no período de Natal está tendo uma reação para melhor, mas os resultados finais devem ficar um pouco abaixo dos números do ano passado”, pondera. De acordo com o dirigente, a “esperança” dos varejistas é o “histórico do brasileiro de deixar as compras de Natal para a última hora”. “Estamos na expectativa de ter uma surpresa nos próximos dois dias.” 

O presidente do Sindilojas-Porto Alegre, Paulo Kruse, pondera que é possível que algumas pessoas não consigam comprar, caso deixem para a véspera. “Os lojistas estão controlando a entrada do público para evitar aglomerações, até porque o sistema de saúde privado já está lotado e só restam leitos pelo SUS.” O dirigente observa que a “conscientização” é grande entre os empresários. O presidente do Sindilojas-Porto Alegre ressalta ainda que, com a liberação do comércio, a população foi às compras “normalmente”, mas destaca que o movimento “está mais espaçado”, e que o meio digital cresceu. “A média de vendas pela internet que ficavam em 4% agora está em 16% do total.” Pesquisa realizada pela CDL-POA e divulgada no início desta semana inclusive destaca que os consumidores afirmam que a divulgação ativa de produtos em rede social, envio de catálogo online e vendas por WhatsApp facilitam e estimulam as compras.

De acordo com o levantamento, apesar do ano de dificuldades, o cenário de privação estimulou um maior controle das despesas para grande parte das pessoas consultadas, justificando a possibilidade de consumo no Natal. Assim, 50% pretendem comprar porque reduziram gastos durante o ano, 40% dizem que a disponibilidade de compra independe do cenário e 10% não pretendem gastar. Mesmo com uma intenção de compra consistente, de maneira geral, algumas mudanças são registradas, como a propensão em reduzir o valor desembolsado por presente, diminuir a quantidade de produtos adquiridos, enxugar gastos com o local da celebração e economizar com os cuidados pessoais e a ceia.

“As pessoas também estão mais seguras para comprar no presencial”, opina a gerente de Marketing do Shopping Total, Silvia Rachewsky. “Muito desta tranquilidade está ligada ao fato de que todos os consumidores que transitam pelo empreendimento usam máscaras e estão respeitando o distanciamento. Além disso, há dispensers de álcool em gel espalhados por todo o shopping.”

Írio Piva destaca que as mudanças virão “até o último momento” deste ano. “Por isso, as alternativas de comercialização para os lojistas se ampliam com a proximidade da data e, cada dia a mais de loja aberta, será uma oportunidade extra de fazer o Natal ser mais simbólico do que nunca, mais presença e com mais presentes.”

O estudo da CDL-POA aponta ainda que os presentes terão um ticket médio que irá variar entre R$ 201,00 e R$ 500,00 para a maior parte (40%) dos consumidores. Na categoria do segmento mais prejudicado durante 2020, as roupas estão em primeiro lugar na lista dos presentes adquiridos para a data, com 76% das intenções; seguidas de brinquedos (52%), acessórios (32%), perfumaria (30%), calçados (25%), entre outros. As lojas de rua continuam sendo o lugar preferido para a escolha dos presentes, contabilizando 32% dos entrevistados, e as compras pela internet, consolidadas durante a pandemia, triplicaram as intenções de consumo em relação a 2019, com 16% da preferência.

Piva observa que dentro do segmento roupas há variações de desempenho. “Quem vende roupas confortáveis ou esportivas está com resultados quase iguais ao Natal passado, mas as roupas sociais estão em de 25% a 30% frente o mesmo período de 2019.” Sem eventos, formaturas, festas e reuniões não tem muito motivo para compra de roupas sociais, concorda Paulo Kruse. Segundo o dirigente do Sindilojas-Porto Alegre, somente a “chegada de uma vacina” para conter o avanço do novo coronavírus pode garantir que o varejo volte a obter um crescimento tangível. “Ainda assim, será lento e gradual, dependendo da situação de cada lojista, pois muitos ficaram endividados.”

Segundo a gerente de Marketing do Shopping Total, apesar da “grande diversidade de opções” de lojas do empreendimento, é “visível” o destaque para a venda de brinquedos e outros produtos infantis. “A gente percebe pelas sacolas nas mãos dos consumidores.” Também os artigos femininos e de telefonia estão com boa procura. “A venda de tablets, por exemplo, cresceu em torno de 40% frente ao período de vendas de Natal de 2019”, compara.

Fonte: Jornal do Comércio