Alta demanda por material de construção surpreende indústria

João Pedro Rodrigues

A alta demanda tem surpreendido as empresas do setor de construção civil do Rio Grande do Sul. Com uma produção mínima, reduzida em razão da pandemia, indústrias do segmento têm apresentado dificuldades para suprir a crescente necessidade de consumo após a retomada dos serviços no Estado, e mesmo para abastecer o próprio comércio com produtos. Aço, cimento, telhas de fibrocimento e materiais de PVC são alguns dos itens em falta no mercado. 

Desde março, atividades da construção civil estavam paralisadas no Estado e, para acompanhar a queda dos serviços no setor, muitas indústrias reduziram a sua produção. “Nas fábricas de aço, desligaram os fornos, demitiram algumas pessoas, deram férias, tiveram horário reduzido. Diminuíram muito a produção”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin.

Segundo ele, isso gerou, também, atrasos em construções de alguns empreendimentos, que tiveram sua produção paralisada ou adiada. A expectativa é de que, até o final do ano, a situação esteja normalizada. Essa perspectiva, no entanto, não é unânime. Presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac-RS), Jaime Silvano prevê uma recuperação do setor somente na segunda metade de 2021, com o equilíbrio entre oferta e demanda. 

Diante dos problemas enfrentados pelas indústrias, o setor varejista de materiais de construção também tem sido prejudicado. Mesmo que a demanda tenha aumentado, as vendas no varejo caíram em razão da alta nos preços. Segundo Silvano, a alta do dólar é um dos grandes fatores que gerou o aumento dos valores dos produtos e a sua falta nas lojas. “Quando o dólar está alto, as empresas dão prioridade para as exportações. O aço, por exemplo, subiu mais de 50%. A madeira de pinus também. Hoje, é mais prático para a empresa vender para o mercado externo. Isso tem acontecido com tudo. Todos os produtos têm aumentado”, conta. “Os preços não baixarão tão rapidamente”.

De acordo com ele, ainda, diversos produtos estão em falta no mercado, de forma que os pedidos realizados pelas ferragens têm sido entregues de forma parcial. “Antes, o aço demorava 24h, 48h para ser entregue. Hoje, não tem previsão nenhuma. Isso também acontece com as telhas de fibrocimento, com os materiais de PVC, resina de PVC. Daqui a pouco, tem que comprar de dois, três (fornecedores) para se sujeitar a receber de alguém”. Ele revela que algumas fornecedoras até mesmo têm recusado mais pedidos, pois a demanda está além de sua capacidade produtiva.

Fonte: Jornal do Comércio