O mercado de juros se dedicou nesta quinta-feira (10) aos ajustes ao comunicado do Copom, com o tom mais conservador do que o esperado provocando a clássica reação de perda de inclinação na curva. As taxas curtas subiram e as demais caíram, refletindo a percepção de que o colegiado se prepara para retirar o forward guidance, que indica manutenção da Selic estável, provavelmente no próximo encontro, em janeiro. E, embora a maioria não acredite num aperto monetário já na reunião seguinte, várias instituições anteciparam suas estimativas de avanço da Selic ao longo de 2021. Outro destaque do dia foi o mega leilão de títulos do Tesouro. O lote de 47,5 milhões de títulos prefixados foi absorvido integralmente, representando uma oferta histórica em termos financeiros e de risco de mercado (DV01).
O giro de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) na B3 foi astronômico, com mais de 1 milhão somente no vencimento de janeiro de 2022, o principal alvo da reação ao Copom. Fechou com taxa de 3,08% (regular) e 3,06% (estendida), de 3,039% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 fechou com taxa de 4,46% (regular) e 4,44% (estendida), de 4,465% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,114% para 6,03% (regular) e 5,99% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou a regular com taxa de 6,83% e a estendida em 6,79%, de 6,963%.
O Copom manteve a Selic em 2% como esperado e também o forward guidance, mas alertou que desde sua adoção observou-se uma reversão da tendência de queda das expectativas de inflação em relação às metas para o horizonte relevante, com 2022 cada vez mais entrando no radar e já com a previsão de IPCA em cima da meta de 3,5%. “A manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas”, afirma o Copom.
“O mercado entendeu que o Copom vai elevar a Selic em meados de 2021. O novo guidance. A curva de juros cedeu e perdeu inclinação”, afirma a instituição, que tem José Francisco Lima Gonçalves como economista-chefe.
Segundo o gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, Mauricio Patini, a reação ao Copom foi o que ditou o comportamento da curva durante todo o dia e mesmo o leilão “gigantesco” do Tesouro foi bem absorvido. “Há sinais de que estrangeiros garantiram boa parte da demanda”, afirmou. O Tesouro mais do que dobrou a oferta de LTN, de 20 milhões para 45 milhões, em relação à semana passada, enquanto o lote de NTN-F subiu de 450 mil para 2,5 milhões. As NTN-F são papéis normalmente demandados por investidores estrangeiros. Tudo foi vendido integralmente, menos a oferta de LFT, de até 1,5 milhão – foram colocadas 1.199.050.
Agência Estado