Setor hoteleiro de Gramado comemora retorno dos hóspedes

Setor hoteleiro de Gramado comemora retorno dos hóspedes

Após fortes perdas nos negócios no primeiro semestre, empresas veem crescimento de reservas em Gramado para novembro e dezembro.

Marcelo Beledeli

Depois de enfrentar longos períodos com as atividades paralisadas devido à pandemia de Covid-19, o setor hoteleiro de Gramado e Canela já olha com otimismo os próximos meses. Mesmo com restrições de ocupação, os cerca de 270 hotéis das duas cidades, que somam 24 mil leitos, esperam que o público aumente até dezembro, ajudando a recuperar parte das perdas do ano.

O presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur Serra Gaúcha), Mauro Salles, destaca que, no primeiro semestre, o setor turístico dos dois municípios sofreu duras perdas. “Em março e abril ficamos 100% parados, em maio a ocupação foi de apenas 15% nos hotéis. Em junho, quando começava uma recuperação e havia previsão de boas vendas com o Dia dos Namorados junto do feriado de Corpus Christi, veio a bandeira vermelha”, lembra o dirigente. “Para um município como Gramado, onde 86% do PIB (Produto Interno Bruto) vem do turismo, isso foi uma catástrofe”.

Um dos marcos da crise enfrentada pelo setor no período foi o fechamento, em maio, do tradicional hotel Laje de Pedra, de Canela, após 42 anos de atuação. Em dificuldades financeiras, o empreendimento não resistiu à queda de receita causada pela pandemia.

A situação começou a mudar a partir do fim de agosto, com o início da queda do ritmo de contaminações, as flexibilizações no modelo de distanciamento controlado e os feriadões do segundo semestre. “As pessoas aprenderam a lidar melhor com a proteção à saúde, e agora o turista já está mais confiante. As ocupações nos hotéis são crescentes, tanto que, mesmo com as restrições impostas, os eventos de Natal atraem público suficiente para bater, nos finais de semana, o limite de 60% dos quartos”, afirma Salles.

O dirigente do Sidntur Serra Gaúcha destaca que o bom momento nos negócios hoteleiros já vem se refletindo nos empregos do setor. “O saldo de demissões e contratações já é positivo, e começamos a recuperar vagas que foram perdidas no primeiro semestre”, comenta.

Até o fim de janeiro, a tendência, de acordo com Salles, é que o bom momento prossiga. “Em dezembro começam as férias escolares, e as famílias já podem fazer viagens, especialmente de carro, e essa situação deve seguir no mês seguinte”, explica.

Apesar do otimismo, o setor vê com preocupação a situação do primeiro semestre de 2021, quando começar a baixa temporada, em fevereiro. Segundo Salles, as empresas ainda correm sérios riscos financeiros que podem demorar a ser remediados. Durante a Feira Internacional de Turismo de Gramado (Festuris), as entidades do setor turístico da região das Hortênsias solicitaram ao governador Eduardo Leite o aumento do limite de ocupação dos hotéis, assim como outras medidas. Em troca, as empresas se comprometem a seguir os protocolos de segurança.

“As equipes do governo do Estado já estão analisando o que pode ser feito para ajudar as empresas do setor. Mas sabemos que é preciso manter sob controle a doença para termos um cenário de recuperação mais rápida. Apresentamos demandas, mas também temos que responsáveis”, afirma o presidente do Sindtur.

Além disso, Salles torce para que uma vacina contra a Covid-19 seja liberada o mais breve possível. “Se vacinarmos no início de 2021 ao menos as pessoas mais vulneráveis já daria mais confiança para o setor. O turismo tem potencial para uma recuperação rápida, havendo condições sanitárias”, afirma.

Fonte: Jornal do Comércio

Retirada de estímulo fará parcela mais pobre da população reduzir consumo, diz BC

Retirada de estímulo fará parcela mais pobre da população reduzir consumo, diz BC

“A parcela da população mais pobre aumentou o consumo, não fez poupança e irá consumir menos”, avaliou o diretor Fabio Kanczuk.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, repetiu nesta sexta-feira que o volume e o timing dos auxílios governamentais na pandemia tiveram impacto direto na recuperação econômica não apenas no Brasil, como em outros países.

“Quando os auxílios forem retirados, haverá um impacto sim. Voltaremos a ter uma queda de demanda, e talvez uma reabertura do hiato do produto”, apontou, em participação no evento Macro Vision 2020 organizado pelo banco Itaú.

Ele lembrou que o auxílio emergencial recuperou a renda geral pré-pandemia, mas o consumo caiu bastante. “Foi feita uma tremenda poupança adicional, que pode ser consumida quando o estímulo for retirado, mas isso muda muito quando se olha o quartil de renda. A parcela da população mais pobre aumentou o consumo, não fez poupança e irá consumir menos”, avaliou. “A retirada do estímulo vai causar solavancos”, completou.

Ociosidade

O diretor de Política Econômica do Banco Central alertou que o prolongamento da pandemia de covid-19 pode causar efeitos mais negativos para setores de serviços ainda impactos por medidas de distanciamento social.

“Alguns setores de bens mostram que não têm mais ociosidade, e até apresentam demanda forte causada em boa parte pelo auxílio emergencial. Já setores de serviços afetados pelo afastamento social seguem com ociosidade bem grande, com renda 40% abaixo da usual. Ainda estão vivos, mas pode se tornar uma situação preocupante se a pandemia se prolongar”, afirmou Kanczuk.

Fonte: Jornal do Comércio

Governo poderá manter alguns estímulos, afirma Guedes

Governo poderá manter alguns estímulos, afirma Guedes

Ministro ressaltou, contudo, que fará “todo o esforço para transformar o que é uma onda de consumo transitória em ondas permanentes de investimento”.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira, 6, que a equipe econômica não descarta a manutenção de alguns estímulos econômicos adotados para fazer frente à pandemia do coronavírus.

“Tem medo de retirar os auxílios, os subsídios, e os estímulos ao consumo?”, perguntou Guedes, em evento virtual organizado pelo Itaú, para ele mesmo responder: “É um desafio, mas faremos todo o esforço para transformar o que é uma onda de consumo transitória em ondas permanentes de investimento. Não descartamos também a manutenção de alguns desses estímulos.” Ele, porém, não detalhou a quais estímulos se referia.

Como mostrou o Estadão, a 2ª onda da covid-19 no mundo faz subir a pressão em uma ala do governo e também no Congresso pela prorrogação das medidas de combate aos efeitos da pandemia. Mas a equipe econômica teme o risco fiscal e busca barrar corridas de ministérios por verbas no final do ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Referências, alimentos podem espalhar a alta de preços

Referências, alimentos podem espalhar a alta de preços

O grande risco de uma inflação provocada pelos alimentos é a rápida contaminação para outros preços. Assim como os combustíveis, os alimentos são preços de referência. Isto é, funcionam como uma espécie de indexador informal de outros preços e, por isso, contribuem para disseminar pressões altistas para as cotações dos demais produtos e serviços.

Em maio deste ano, menos da metade (45%) de todos os preços do Índice de Preços ao Consumidor Amplo- 15 ( IPCA-15) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentava alta. Seis meses depois, em outubro, quase dois terços dos preços (64%) capturados pelo indicador estavam subindo. Essa medida que avalia a fatia de preços em alta no índice de inflação como um todo é conhecida no jargão econômico como índice de difusão.

“A alta persistente dos preços dos alimentos está se difundindo no IPCA adentro”, alerta o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Na sua avaliação, esse é um grande risco. “Costumamos dizer que o alimento funciona quase como uma tarifa, isto é, as famílias dificilmente conseguem driblar essa alta de preços, que acaba se espalhando para outros preços da economia.”

Pressão cambial

Para a analista econômica Zeina Latif, os indicadores de inflação foram muito contaminados pela covid-19 e estavam artificialmente baixos. “A cesta do IPCA não estava refletindo um novo padrão de consumo. O que a gente observa é a pressão cambial aos poucos aparecendo”, ressalta.

Ela destaca também que o repasse dos preços no atacado estava baixo e começa a aparecer um pouco mais. “Há um potencial grande para aumento de produtos industrializados, em função do que está acontecendo no atacado. Quando a gente pega os bens finais no IPA (Índice de Preços do Atacado), tira combustível, produtos in natura, também estamos falando de uma variação de dois dígitos.”

Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, ao mesmo tempo que a pandemia levou ao aumento de diversos itens, com destaque para os alimentos, alguns preços agrícolas já estão antecipando uma possível superação da pandemia. “Além dos fatores internos, teve uma demanda muito forte de commodities, principalmente por parte da China, isso reduziu a oferta doméstica e os preços subiram.”

Para os próximos meses, Romão diz que “ninguém sabe se o auxílio emergencial é o empurrão ou o combustível do carro, que pode parar de andar quando o benefício chegar ao fim. A economia ainda vai sentir um tranco no primeiro trimestre do ano que vem.”

Fonte: Infomoney

Produtos mais procurados na quarentena têm alta 4 vezes maior do que inflação

Produtos mais procurados na quarentena têm alta 4 vezes maior do que inflação

O confinamento imposto pela pandemia mudou os hábitos de consumo dos brasileiros que se viram do dia para noite trancados em casa tendo de cozinhar, trabalhar, estudar, tudo no mesmo lugar. E o comportamento de compras desse “novo normal” se refletiu nos movimentos de preços, também turbinados pela disparada do dólar.

Os dez subgrupos de produtos e serviços que registraram as maiores altas de preços nos últimos seis meses foram os mais demandados pelo consumidor. Juntos, subiram em média 5,80% no varejo, resultado equivalente a quatro vezes a inflação geral do período, medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do (IBGE), que foi de 1,35%.

Isso é o que revela um levantamento feito, a pedido do Estadão, pelo economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Fabio Bentes. A intenção do estudo, que cruzou informações de vendas do varejo do IBGE com as variações de preços medidas pelo IPCA-15, foi avaliar onde estão as maiores e as menores pressões inflacionárias na pandemia.

“A mudança repentina de hábito dos consumidores provocou um choque de preços relativos no IPCA-15 (a prévia da inflação oficial)”, diz Bentes. Isso significa que houve produtos que registraram aumento abrupto de demanda e as empresas não tiveram tempo para ajustar a oferta. O resultado foi a alta de preços. O outro lado da moeda é que, com a mobilidade reduzida, o consumo de produtos e serviços relacionados caiu e os preços também. O recuo dos dez subgrupos com as maiores quedas foi de 3,42%.

Casa

O levantamento mostra que o subgrupo que reúne TV, aparelhos de som e itens de informática foi o que teve a maior alta de preços. Entre maio e outubro, eles foram majorados em quase 18%. Bentes optou por fazer a análise a partir de maio porque logo no início da pandemia as empresas tinham estoque e o impacto da maior procura nos preços não seria tão evidente.

O segundo subgrupo com a maior alta de preço também está relacionado com a moradia. Foi de eletrodomésticos e equipamentos (8,88%), seguido por joias e bijuterias (7,2%). Móveis e eletrodomésticos foi o terceiro segmento cuja venda disparou com a pandemia e, na sequência, material de construção.

Fernanda Pacheco sentiu no bolso a inflação dos eletrônicos. Logo no início da pandemia, ela, que é editora de séries, teve de montar uma ilha de edição em casa. Em equipamentos e móveis gastou cerca de R$ 15 mil. Recentemente teve de comprar mais um HD (memória extra) e se surpreendeu. O produto, que tinha comprado por R$ 430, custava R$ 570. “O preço subiu bastante (32,5%).”

José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, que reúne fabricantes de eletroeletrônicos, admite que o setor reajustou em até 10% os preços nos últimos três meses por causa da alta dos insumos importados, impactados pelo dólar, e dos nacionais, principalmente plástico e aço. “Por mais que se faça esforço para entregar produto acessível, inevitavelmente a gente acaba tendo de colocar no preço final.”

Esses aumentos de preços não espantaram o consumidor, que foi às compras. “As vendas estão surpreendendo”, diz o supervisor-geral da Lojas Cem, José Domingos Alves. Desde que as 285 lojas especializadas em móveis e eletrodomésticos foram reabertas, as vendas têm crescido 30% sobre 2019.

Estrago

A comida no domicílio foi o quarto subgrupo com maior alta de preços no período, com elevação de 6,62%, diz o estudo. Entre os dez itens com maiores reajustes, oito foram alimentos. O limão lidera a lista (129,7%), seguido pelo óleo de soja (54%), arroz (42,6%). Mas aparecem tijolo (28,7%) e vinho (25,5%).

Apesar de a alimentação não ser o subgrupo cujos preços mais subiram no período, essa é a cesta que provoca o maior estrago no orçamento das famílias e na inflação como um todo. “A sensação de mal estar causada pela inflação dos alimentos nos últimos meses é muito maior do que alta de preços da TV, som e artigos de informática”, diz o economista. É que o consumo de comida não pode ser adiado, independentemente da falta de renda. E pesa mais no bolso dos mais pobres.

Fonte: iNFOMONEY

Brasil e EUA devem reavaliar relações comerciais

Brasil e EUA devem reavaliar relações comerciais

Exportadores brasileiros veem dificuldades nas relações comerciais com os Estados Unidos qualquer que seja o resultado das eleições finalizadas ontem. A avaliação é que, se por um lado o democrata Joe Biden pode trazer maior previsibilidade na balança comercial entre os dois países, por outro sua vitória deve ampliar pressões ambientais, dificultando acordos de livre comércio.

As eleições americanas vêm no momento em que o déficit comercial do Brasil com os EUA se amplia, diante de restrições a exportações impostas por Donald Trump nos últimos anos e de efeitos da pandemia, que derrubaram a venda de máquinas e equipamentos e o preço do petróleo, um dos principais produtos vendidos pelo Brasil àquele país.

Entre janeiro e setembro, o déficit comercial entre os dois países foi de US$ 3,12 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões, na cotação atual), quase oito vezes mais que o de igual período de 2019. As exportações caíram 31,2%, enquanto as importações recuaram 22,9%.

Parte da retração se deve à queda do preço do petróleo, que derrubou o valor das exportações de óleo bruto e de combustíveis em 63% e 58,7%, respectivamente. Outra parte da queda se deve à pandemia, que cortou a menos da metade as vendas de aeronaves e motores não elétricos.

Mas uma parcela do déficit nos anos recentes é fruto de medidas protecionistas adotadas pelo governo Trump em meio à guerra comercial com a China, que afetaram principalmente as indústrias siderúrgicas e de alumínio a partir de 2018 e foram ampliadas sem aviso no último mês.

A imprevisibilidade da política comercial de Trump é vista por exportadores como uma das preocupações em relação à sua reeleição. Sem aviso prévio, os Estados Unidos anunciaram sobretaxas para o alumínio e reduziram as cotas de importação de aço.

Para os produtores brasileiros de alumínio, é uma estratégia de “chutar a porta e só depois começar a conversar”. “O que não temos hoje é previsibilidade”, afirma o presidente da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), Milton Rego.

Em relação a Biden, a maior preocupação está na agenda ambiental. O candidato democrata já ameaçou “reunir o mundo” para pressionar pela preservação da Amazônia e condicionou a assinatura de acordos comerciais à adoção de medidas pelo governo brasileiro.

“Biden vai se dedicar mais ao aspecto de meio ambiente, tema que não é muito agradável para o Brasil”, destaca o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro. “Mas com Biden é mais fácil conversar. Teoricamente, tem previsibilidade, enquanto ações as de Trump são tomadas de supetão.”

Castro diz, porém, não esperar mudanças drásticas nas relações comerciais no curto prazo, já que o mercado se move neste momento ao sabor da pandemia. Com a redução da demanda, há excedentes na oferta global de produtos manufaturados, que dominam a pauta de exportação brasileira para os Estados Unidos, o que deve aprofundar a competição pelos importadores.

O setor de máquinas e equipamentos concorda. “Se ganhar Trump ou Biden, as vendas não vão se alterar. O problema dos EUA agora é a Covid-19”, avisa o presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso.

China lidera como destino das exportações do País

A queda nas importações acompanhada da estabilidade nas exportações fez a balança comercial registrar o segundo maior superávit para meses de outubro. No mês passado, o Brasil exportou US$ 5,473 bilhões a mais do que importou, divulgou ontem o Ministério da Economia.

O resultado só perde para outubro de 2018, quando a balança comercial tinha registrado superávit de US$ 5,792 bilhões. No mês passado, o País vendeu US$ 17,855 bilhões para o exterior, com leve alta de 0,3% pelo critério da média diária em relação ao mesmo mês do ano passado. As importações, no entanto, caíram, somando US$ 12,383 bilhões, redução de 20% também pela média diária.

O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, destacou que, mesmo com queda em outubro, a China ainda é o principal destino das exportações brasileiras, chegando a 48,3% do total de vendas para o exterior de janeiro até o mês passado. No mesmo período do ano passado, a fatia chinesa era de 40,9%.

“A China (inclui Hong Kong e Macau) continua sendo o principal destino das exportações, com alta de 10,2% no ano até outubro. Já as exportações para os Estados Unidos caem 29,6% no ano, mas queda já foi menor em outubro, de cerca de 15%”, acrescentou Brandão.

A participação dos EUA como destino dos produtos brasileiros caiu de 13,1% em 2019 para 9,8% de janeiro a outubro deste ano. No mesmo período, também houve queda de 18,2% nas vendas para Argentina, cuja participação caiu de 4,4% para 3,9% do total.

No acumulado de 2020, as exportações somam US$ 174,379 bilhões, retração de 6,5% na comparação com o mesmo período de 2019 pela média diária. As importações totalizam US$ 126,717 bilhões, recuo de 14,7% pelo mesmo critério.

A maior parte da alta do saldo em outubro é explicada pela queda da importação da indústria de transformação, que recuou US$ 140,67 milhões pela média diária em relação ao mesmo mês do ano passado, e da indústria extrativa, cujas compras do exterior encolheram US$ 15,16 milhões.

Do lado das exportações, o fim da safra de grãos fez as exportações da agropecuária caírem US$ 36,93 milhões pela média diária em relação a outubro do ano passado. Em contrapartida, as vendas da indústria extrativa subiram US$ 14,89 milhões, e as exportações da indústria de transformação, que acumulavam uma longa sequência de quedas, subiram US$ 23,38 milhões na mesma comparação.

Fonte: Jornal do Comércio

Congresso pode votar nesta quarta derrubada de veto à desoneração

Congresso pode votar nesta quarta derrubada de veto à desoneração

Ampliação do benefício tributário a empresas de 17 setores até 2021 foi barrada pelo presidente Bolsonaro, e parlamentares podem rever decisão.

O Congresso Nacional pode votar nesta quarta-feira (4) a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à prorrogação da desoneração da folha de pagamento de empresas até o final de 2021. O assunto está na pauta de duas sessões remotas marcadas para esta quarta, uma às 10h e a outra às 16h.

A desoneração foi criada em 2011 e consiste em um sistema diferenciado de recolhimento da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pelos patrões, permitindo economia a companhias de 17 áreas como call center, transportes e telecomunicações. Elas empregam juntas 6 milhões de trabalhadores.

O benefício acabaria em 2020, e o Congresso aprovou uma lei em que um dos artigos determinava a prorrogação da desoneração até o final de 2021. Em julho, o presidente Bolsonaro vetou esse trecho, afirmando não haver previsão para essa renúncia de receita no Orçamento do próximo ano, entre outros argumentos.

A análise do veto foi incluída na pauta pelo presidente do Congresso, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). O parlamentar e o governo vêm sendo pressionados por parlamentares e pelo empresariado em razão da possibilidade do aumento de demissões em 2021 nas áreas que perderão o beneficio. Para a rejeição do veto é necessária a maioria absoluta dos votos de deputados e senadores, ou seja, 257 votos de deputados e 41 votos de senadores, computados separadamente.

Na tarde de terça (3), parlamentares tentavam chegar a um consenso sobre a votação, e uma reunião chegou a ser realizada entre representantes dos partidos após convocação do líder do governo, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO). A posição dos partidos é pela derrubada do veto, caso a votação aconteça.

Na mesma tarde, protestos foram realizados em São Paulo e em Brasília pedindo a manutenção da desoneração.

Negociação

A derrubada do veto nesta quarta não está garantida. A gestão Jair Bolsonaro ainda tenta encontrar uma saída para bancar a renúncia de receita que ocorrerá em 2021 com a manutenção da desoneração. Uma das apostas é mudar o formato do benefício, alterando o cálculo e incluindo todos os setores da economia.

O governo já tentou com essa proposta na mesa alcançar outro de seus objetivos, que é a criação do imposto sobre transações digitais. Com alíquota de 0,2%, o tributo que vem sendo chamado de “nova CPMF”, permitiria uma arrecadação de R$ 120 bilhões por ano, dos quais R$ 70 bilhões seriam usados para cobrir a desoneração, segundo o governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, vem afirmando que a ideia do imposto digital, alvo de críticas, está “morta”.

Parlamentares

Outra liderança do Congresso que vem defendendo a derrubada do veto à desoneração é o líder do PSL no Senado, o senador Major Olímpio (SP). Ele afirma que o fim da desoneração aumentará o custo das empresas e causará de 500 mil a 1,2 milhão de demissões.

Olímpio, no entanto, revela um temor compartilhado também por outros parlamentares, o de que não haja quórum para a votação de quarta-feira. Isso porque a votação do veto já foi incluída na pauta do Congresso quatro vezes e, segundo o parlamentar, o governo, apesar de nas negociações comprometer-se com a derrubada do veto, “orientou a sua base a esvaziar e não dar quórum”. A última sessão que tinha o veto à desoneração na pauta foi em setembro, cancelada justamente por falta de quórum.

A intenção de derrubar o veto à prorrogação da desoneração é compartilhada pelos partidos de oposição. Segundo o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Minoria no Congresso, trata-se de um veto que prejudica os trabalhadores. “Na hora em que voltarem a cobrar pelo sistema antigo, muitas empresas vão acabar cortando trabalhador. Vai aumentar o desemprego”.

Ele teme, porém, que a proximidade das eleições prejudique o quórum necessário nesta quarta.

Mas, afinal, o que é a desoneração?

A desoneração reduz o valor do recolhimento ao INSS. Em vez de pagar 20% sobre a folha de pagamento do funcionário, o tributo pode ser calculado aplicando-se um percentual sobre a receita bruta da empresa, variando de 1% a 4,5%, de acordo com o setor.

A ideia da criação do regime diferenciado foi beneficiar setores responsáveis por um grande número de empregos, especialmente indústrias. Chegaram a ser contemplados 56 setores. Em 2018, o ex-presidente Michel Temer sancionou lei que retirou 39 áreas do regime diferenciado.

Fonte: R7

Choque inflacionário deve durar seis meses

Choque inflacionário deve durar seis meses

Avaliação é de que as empresas devem continuar repassando os custos da alta de insumos enquanto houver gargalos na produção.

Ainda que o choque inflacionário seja temporário, como caracterizado pelo Banco Central, a duração deve ser de pelo menos mais seis meses, afirmam especialistas ao Estadão/Broadcast.

Com o dólar em níveis recordes e uma recuperação inicial forte da economia, a avaliação é de que as empresas devem continuar repassando os custos da alta de insumos enquanto houver gargalos na produção.

Já os agricultores tendem a preferir o mercado externo, mais rentável, limitando a oferta doméstica de alimentos, que também deve ser afetada por problemas climáticos.

Os especialistas consultados pela reportagem dizem ainda que parte do aumento de preços de alimentos, principalmente de grãos, pode ser mais estrutural, sustentado pela maior demanda da China.

“Minha avaliação é de que o choque de inflação é temporário, mas temos de saber o que significa temporário. Os preços de commodities agrícolas devem seguir pressionados até o fim do primeiro trimestre de 2021”, afirma o economista Alexandre Lohmann, da GO Associados. Segundo ele, para os preços domésticos, a alta ganha contornos mais dramáticos por causa do câmbio.

Problemas climáticos podem diminuir a oferta de grãos nos próximos meses. O tempo seco no Brasil deve atrasar a colheita da soja, que normalmente ocorre na virada do ano, para fevereiro. Da safra deste ano, só há sobra de 5% – que, com a demanda alta, deve ser disputada, sustentando os preços.

Desde janeiro, o preço da soja e do milho subiram 85,99% e 70,45%, respectivamente, em reais. O aumento dos preços ao produtor já praticamente “contratou” um repique na inflação ao consumidor no quarto trimestre do ano, diz o coordenador de índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. A dúvida, argumenta, é o quanto dessa alta ainda pode ser repassada em 2021.

Industrializados

O economista João Fernandes, sócio da Quantitas Asset, afirma que a falta de insumos na indústria em conjunto com o câmbio mais depreciado têm potencial para elevar o IPCA de 0,30 a 0,40 ponto porcentual de outubro a março, pois, mesmo que temporária, a recuperação forte da economia já tem permitido repasses.

“A recessão não está sendo forte o bastante para que esses repasses não ocorram. Começaram mais tarde, mas muda a perspectiva para o fim de ano e o início de 2021.”

Lohmann, alerta que, quando houver vacina, há risco de alta de preços de combustíveis, com a demanda por petróleo se normalizando e a oferta ainda restrita.

O reajuste represado de preços administrados é outro fator a pesar sobre a inflação de 2021, diz ele, que estima avanço de 3,50%.

Fonte: Infomoney

“Cesta da pandemia”: produtos essenciais têm maior alta para outubro desde 2016, diz FecomercioSP

“Cesta da pandemia”: produtos essenciais têm maior alta para outubro desde 2016, diz FecomercioSP

A cesta inclui os grupos Alimentação e Bebidas, Habitação e Saúde e Cuidados pessoais.

Os preços da chamada “cesta da pandemia”, que inclui os três grupos de produtos considerados essenciais num contexto de crise, avançaram 9,98% em outubro em relação a igual mês do ano passado, segundo levantamento da FecomercioSP com base nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço, puxado principalmente pela alta dos alimentos, é o maior para um mês de outubro desde 2016.

A cesta inclui os grupos Alimentação e Bebidas, Habitação e Saúde e Cuidados pessoais. A alta mais significativa foi do primeiro grupo: 19,68% ante outubro de 2019. O arroz, por exemplo, ficou 50,81% mais caro na mesma comparação.

Os produtos relacionados à Habitação tiveram crescimento de 8,22%, também o maior índice para um mês de outubro desde 2016. Já os itens de Saúde e cuidados pessoais ficaram 2,75% mais caros, abaixo da média, considerando a inflação dos outros dois.

O aumento decorre de fatores como o crescimento da demanda interna em meio à crise, a alta do dólar e, especialmente, no caso das carnes, o apetite do mercado externo sobre partes bovinas e suínas, diz a FecomercioSP.

A previsão é que os preços dos alimentos continuem subindo nos próximos meses, tanto pelas baixas dos estoques agora em comparação ao ano passado quanto pela demanda externa.

CVCS

Outro índice analisado pela instituição, o Custo de Vida por Classe Social na região metropolitana de São Paulo (CVCS), também avançou, com uma alta de 0,60% em setembro.

No ano, a expansão já é de 0,93%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses aponta para um crescimento de 3,04%. É a maior alta desde dezembro do ano passado, quando fechou em 1,03%, e o crescimento mais significativo desde o início da pandemia.

Assim como mostram os números da “cesta da pandemia”, o aumento no custo de vida está ligado, principalmente, à inflação dos alimentos: 11,06% mais caros agora do que em setembro de 2019.

Os dados gerais só não são mais altos porque os preços do setor de serviços, em retração desde o início da crise sanitária, amortecem a inflação, de acordo com a FecomercioSP.

Fonte: Infomoney

Juros curtos fecham em baixa e longos, estáveis, após Copom e fala de Guedes

Juros curtos fecham em baixa e longos, estáveis, após Copom e fala de Guedes

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em queda até os vencimentos intermediários, enquanto os longos encerram perto da estabilidade. A curva aprofundou o nível de inclinação à tarde, quando as taxas curtas ampliaram o recuo indo às mínimas, alinhadas à melhora de apetite por ativos de risco no exterior e repercutindo positivamente a defesa da austeridade fiscal, das reformas e da agenda de privatização do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta em audiência pública no Congresso.

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 2% era amplamente esperada, mas o comunicado, considerado suave, surpreendeu o mercado e continuou sendo o pano de fundo a ditar o ritmo dos negócios desde manhã.

Diante do reforço do forward guidance feito pelos diretores no comunicado, as apostas para alta da Selic nas reuniões de dezembro e janeiro perderam força, segundo a precificação da curva, mas seguem majoritárias.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, o mais líquido, terminou com taxa de 3,43%, de 3,516% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,036% para 4,97% e a do DI para janeiro de 2025 fechou em 6,71%, de 6,705% na quarta. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,50%, de 7,474% na quarta.

Após o Copom sustentar no comunicado que ainda vê “espaço remanescente” para um novo ajuste da Selic, para a surpresa de boa parte dos analistas, o prêmio de risco para um aperto na taxa básica na reunião de dezembro e janeiro caiu.

Somado a isso, houve a confirmação de que as condições para o forward guidance, que indica manutenção da Selic no nível atual por um longo período, seguem satisfeitas.

Segundo o Haitong Banco de Investimento, a curva projetava até a quarta 52 pontos-base de alta para a Selic em dezembro e janeiro e, nesta quinta, 43 pontos. Considerando somente dezembro, a probabilidade de alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica na próxima reunião caiu de 73% para 65%. Para janeiro, a precificação aponta 10% de chance de avanço de 0,50 ponto e 90% de chance de alta de 0,25 ponto.

Por mais que o comunicado possa ter causado estranheza a alguns, o operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepomuceno, diz que “o que vale é a visão do BC”. “Já no primeiro parágrafo, o Copom diz que o cenário é benigno para emergentes, o que, de certa maneira, é verdade se os lockdowns forem se confirmando. O mercado pode receber outra enxurrada de dinheiro”, disse, lembrando ainda que o Copom reiterou que considera como algo transitório o choque recente de preços.

Por aqui, o mercado gostou de ver Guedes defendendo a disciplina fiscal, as reformas e a autonomia do BC, em audiência na Comissão Mista do Congresso. Disse que não haverá por parte do governo “irresponsabilidade fiscal” e que o governo já está se programando para que, no próximo ano, não se encontre numa situação de dificuldade em relação à rolagem da dívida.

Fonte: Jornal do Comércio