Estado avalia impacto da saída argentina do Mercosul

Estado avalia impacto da saída argentina do Mercosul

É cedo para falar se haverá impacto nas relações comerciais do Rio Grande do Sul com a Argentina a partir da decisão do país vizinho de ficar de fora das negociações em andamento no Mercosul. A análise é um consenso entre especialistas, que destacam a importância da parceria do fluxo comercial entre os países do bloco com o Brasil .

Há também o entendimento de que o ideal seja resgatar a Argentina para a mesa de negociações, uma vez que qualquer acordo firmado sem a sua assinatura é inviável.Com a declaração, feita na sexta-feira passada, de se retiraria de todos os acordos em negociação no Mercosul – à exceção dos já fechados com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre-Comércio (EFTA) -, o governo argentino torna mais evidente as diferenças ideológicas do atual presidente.

“A eleição de Alberto Fernández como sucessor de Mauricio Macri já foi um sinal de que o Mercosul poderia não ter mais o apoio argentino nas negociações dos Tratados de Livre Comércio (TLC), uma vez que estes e o livre mercado fazem parte da agenda liberal, com a qual Fernández não compactua por diferenças ideológicas”, avalia o doutor em Ciências Sociais, Francisco Américo Cassano.Para explicar a situação, o secretário de Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Jorge Neme, destacou, em reunião do bloco por videoconferência, que o país “sofreu, nos últimos anos, com políticas neoliberais responsáveis pela perda de uma parte importante do sistema produtivo e industrial, e pelo crescimento na pobreza e no desemprego”.

Como o governo argentino adotou a medida para atender a prioridades de sua política econômica interna, agravada pela pandemia da Covid-19, o economista Andrés Ferrari Haines opina que a dúvida que fica é saber se haverá uma busca por diálogo entre os países do bloco ou a saída de um dos integrantes da União Aduaneira. “Aí, sim, podemos pensar em impactos não só para o Estado, como para o Brasil”, pondera.Ao abandonar as negociações para TLCs, a Casa Rosada destacou a “insistência” dos parceiros em promover o avanço de tratados com Coreia do Sul, Canadá, Índia, Líbano e Singapura.

O texto assinala que o governo de Alberto Fernández protegeu as empresas locais e os mais pobres, uma prioridade diante da pandemia de coronavírus.Na análise do professor de Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul André Reis da Silva, ao contrário do que vem sinalizando, o governo brasileiro “deveria investir no reforço do regionalismo, porque pode ser um dos elementos de ajuda para a recuperação econômica e um escudo protetivo para os próximos meses”, em vista da crise mundial vinculada à pandemia.

“O que se aponta é a rediscussão das cadeias globais de valores, que se tornariam mais chegadas no decorrer dos próximos três anos, com boa parte do comércio das cadeias industriais procurando locais vizinhos às suas plantas”, argumenta Silva.”O Mercosul, mesmo com seus problemas, é bom comercialmente por ser o principal bloco para nossas exportações de manufaturados”, observa o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

“Muitas pequenas e médias empresas gaúchas mantêm sua estratégia de internacionalização regionalmente, e o bloco resulta na melhor opção”, complementa. Petry ressalta que a parceria comercial entre Brasil e Argentina “é extremamente relevante, especialmente na cadeia automotiva”. “É fundamental que essa decisão não afete outros acordos em andamento, como o automobilístico, prorrogado até junho de 2022, e que representa cerca de 50% do comércio entre os dois países”, observa.

Brasil deve agilizar acordos com o país vizinho

O fato de a Argentina questionar suas políticas comerciais exige que o Brasil – e também o Rio Grande do Sul – tenha agilidade para negociar acordos em andamento e até mesmo iniciar novas tratativas. A opinião é do presidente da Fiergs, Gilberto Petry, ao argumentar que, no momento, o País investe para ampliar sua inserção global.

Segundo a Fiergs, a Argentina foi o quarto principal destino das vendas externas gaúchas, totalizando 5,07% das exportações de 2019. No ano passado, 9,2% das exportações gaúchas foram para o Mercosul, sendo que 55% desse montante foi destinado à Argentina. “Se considerarmos a qualidade da pauta exportada e importada, poderia se dizer que a Argentina é o principal parceiro comercial do Estado”, enfatiza.

Fonte: Jornal do Comércio

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, estimou que a Medida Provisória (MP) que vai liberar um crédito deR$ 5 bilhões para as empresas de turismo e hotelaria enfrentarem a pandemia do coronavírus deverá estar pronta para publicação até sexta-feira da próxima semana, dia 8 de maio.A destinação da verba foi comunicada pelo ministro em 22 de abril, mas, até agora, o dinheiro não saiu.

O texto da MP foi enviado pela pasta para o Ministério da Economia, que está avaliando a viabilidade da liberação dos recursos.”É uma luta com a Economia. Sabemos que os gastos do Tesouro estão altíssimos, mas as sinalizações até aqui têm sido positivas”, afirmou Marcelo Álvaro. “Eu já disse para o ministro da Economia que depois que o setor morrer não adianta tentar ressuscitar'”, contou, referindo-se ao apelo para que a liberação da verba seja agilizada.

“Os R$ 5 bilhões estão muito bem construídos, e a possibilidade de ser liberado em breve é muito grande. Tenho esperança de que até sexta-feira da próxima semana teremos o anúncio”, completou, durante live organizada pelo banco BTG Pactual.O dinheiro vai funcionar como o capital de giro para as empresas de turismo e hotelaria, que viram uma debandada dos hóspedes desde o estouro da pandemia do coronavírus no País, em meados de março. Segundo o ministro, 80% dos recursos vão para empresas de pequeno e médio portes, e 20%, para as médias e grandes.

O ministro admitiu, também, que os recursos anunciados até aqui pelo governo federal ainda não chegaram “na ponta”, isto é, ainda não foram acessados pelas companhias devido ao excesso de burocracia ou demora na liberação das verbas. A ideia é que isso seja corrigido por meio da nova medida provisória mencionada.Marcelo Álvaro também defendeu a MP 948 publicada no começo de abril, que dispensa empresas de turismo e cultura de fazer o reembolso imediato de serviços cancelados por causa da pandemia do novo coronavírus.

“Essa MP visa preservar a saúde financeira das empresas e resguardar direito dos consumidores”, explicou.Segundo a MP, em vez de devolver o dinheiro, a empresa poderá remarcar em até um ano os serviços, as reservas ou os eventos cancelados; disponibilizar crédito para uso ou abatimento na compra de outros serviços das mesmas empresas; ou firmar outro acordo com o consumidor.O ministro lembrou, também, que a MP 936, que permite a suspensão dos contratos de trabalho, é uma outra alternativa que servirá de apoio ao setor, uma vez que a folha de pagamento no ramo de hotelaria representa cerca de 40% do faturamento das empresas.

Fonte: Jornal do Comércio

Luz de LED é tendência no varejo

Luz de LED é tendência no varejo
Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é Imagem1.jpg

Acompanhar a tecnologia é essencial para a valorização e bem-estar nos ambientes. Conheça as lâmpadas que estão dominando o setor da iluminação

Tudo começou há mais de 200 anos, quando surgiram os primeiros registros oficiais de uma das criações mais importantes da humanidade: a lâmpada. A luz elétrica está tão presente no nosso dia a dia que, muitas vezes, deixamos de perceber a importância e o impacto que ela tem em nossa vida. Além de suas funções básicas – deixar os dias “mais longos”, facilitar a nossa rotina e iluminar as cidades, por exemplo –, sabia que a luz influencia diretamente o layout, a decoração e, consequentemente, os resultados das vendas de uma loja? Isso mesmo, uma boa iluminação exerce um impacto gigantesco na decisão de compra do cliente.

Pode não parecer, mas a luz do ambiente é um dos fatores que fazem com que o cliente entre ou não no estabelecimento, também sendo útil para deixar em destaque os produtos que estão à venda no local. De acordo com uma pesquisa da Kellogg School of Management, a falta de iluminação faz com que os consumidores escolham com mais frequência a opção que lhes proporciona prazer imediato, de modo a tomar decisões nada práticas e ficar insatisfeitos ou arrependidos em seguida.

Lembre-se: uma iluminação bem planejada pode ser um fator de diferenciação da concorrência, uma vez que a sua loja ganhará destaque. Esse  planejamento é tão importante que existem profissionais e empresas especializados na aplicação de iluminação artificial em espaços interiores e exteriores. Rodrigo Travi, por exemplo, é CEO e diretor comercial da LEDAX, empresa que fornece soluções de eficiência energética. Ele afirma que, atualmente, a iluminação LED é fundamental para qualquer empresa que quer ser competitiva dentro do seu mercado. Para quem trabalha no ramo de supermercados, ele dá uma dica: “Além de garantir reprodução de cor melhor do que as lâmpadas fluorescentes, a iluminação em LED gera uma economia na ordem de 60%. Ainda, se não houver uma iluminação adequada, os produtos não ganham atenção e não despertam interesse de compra”.

Agora você deve estar se perguntando: além da economia de energia de até 60%, quais são as outras vantagens dessa tecnologia? Comparada às lâmpadas incandescentes e fluorescentes, que são as mais convencionais, a luz de LED transfere menos calor e é considerada mais eficiente energeticamente, o que significa que você terá mais luz, com menor gasto de energia, sem contar a qualidade e diversidade de luz – maior variedade de cores, fachos e intensidade. Em relação à vida útil do produto, uma luminária com essa tecnologia dura de cinco a seis vezes mais do que uma lâmpada tradicional.

Uma tendência para o planejamento da iluminação nos últimos anos é também a sustentabilidade, em que a iluminação de LED continua em primeiro lugar. Além da fácil reciclagem e descarte, podendo seguir a logística reversa de eletroeletrônicos em geral, não são identificados metais pesados (como chumbo ou mercúrio) no processo de fabricação desse tipo de lâmpada. Então, se você busca modernização para sua empresa, existem inúmeros argumentos válidos para considerar o investimento em LED, que tem uma durabilidade de, em média, 12 anos.

Para escolher a iluminação ideal para o seu estabelecimento, o empreendedor formado em Engenharia Elétrica e Eletrônica pela Universidade Federal da Bahia conta que, para lojas menores, mais intimistas e confortáveis, a recomendação é o uso de uma temperatura de cor mais amena (4.000 K), entre 800 e 1.000 lux. Já para lojas maiores, como “atacarejos”, com apelo maior de preço, a temperatura de cor recomendada é de 5.000 K, com um nível de iluminação também em torno de 800 a 1.000 lux. “É importante notar que para áreas onde a cor é muito importante para a venda, como nos hortifrútis, o índice de reprodução de cor deve ser alto (no mínimo 80)”, alerta.

Fonte: Varejo SA

É hora de digitalizar!

É hora de digitalizar!

O impacto do coronavírus no varejo físico despertou nos varejistas a urgência da digitalização dos negócios.

A pandemia da COVID-19 catalisou um processo que já estava em curso, em menor e maior grau, no Brasil e no mundo: a mudança dos hábitos de consumo. O processo aconteceu por onde o coronavírus passou e seguiu a mesma equação. O medo e a incerteza diante da doença fizeram com que as pessoas aumentassem as compras de itens básicos de saúde e alimentação, mas, por outro lado, a recomendação foi para que as pessoas não saíssem de casa. O resultado foi a explosão do e-commerce.

A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) registrou esse efeito no Brasil já na segunda semana de março. “Desde quinta-feira, dia 12 de março, algumas lojas virtuais chegaram a registrar um aumento de mais de 180% em transações nas categorias Alimentos e Bebidas e Beleza e Saúde”, afirma Mauricio Salvador, presidente da entidade.

Dados da plataforma de inteligência e pesquisa da agência NZN, mostram que 49% dos brasileiros passaram a reconsiderar a maneira como fazem seus gastos depois da chegada da Covid-19. Desses, 71% afirmam que pretendem aumentar o volume de compras online.

Mas se o e-commerce parece ser o caminho mais seguro para o varejo nesse momento de crise, um outro dado mostra que a transição das empresas carece de agilidade. Pesquisa recente do Sebrae mostra que 73% das pequenas empresas não estão presentes na Internet. O cenário assusta, na medida em que, no Brasil, 99% dos estabelecimentos são de micro e pequenas empresas (MPE), responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado.

Para a gestora de Soluções do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Louise Alves Machado, a presença digital não é mais uma opção para as empresas de varejo. “Essa é uma realidade que se impõe após as mudanças nos hábitos de consumo provocados pela internet, smartphones e redes sociais”, diz Louise.

O relatório NeoTrust, que analisa o varejo digital trimestralmente, mostra que a crise passou longe do e-commerce brasileiro no ano passado. As vendas realizadas de janeiro a dezembro de 2019 somaram faturamento de R$ 75,1 bilhões, alta nominal de 22,7% em relação ao ano de 2018.

Apesar disso, o consumo virtual no país ainda apresenta um crescimento tímido em relação a outros países. Um exemplo é a penetração do e-commerce no mundo: 30% do volume no mercado chinês, 18%, no inglês, 12%, no americano e apenas 5%, no brasileiro. “O comércio eletrônico cresce de maneira vertiginosa e quem não se atualizar ficará para trás”, afirma Louise.

Mudar para seguir

Lourdes Ferolla é proprietária da DiFerolla, uma das principais lojas de acessórios femininos do Espírito Santo. Nessas três décadas, a marca chegou a ter dez pontos físicos. Há sete anos, após condições adversas do mercado e da economia, foi reduzida a quatro pontos de venda. “Enfrentamos um período que foi prejudicial para a empresa, associado a uma gestão inadequada dos negócios”, diz a empresária. O revés obrigou Lourdes a seguir o caminho da digitalização das suas operações. Entre idas e vindas, ela apostou no e-commerce, criou perfis em redes sociais e passou a ter outra postura diante dos seus clientes.

Hoje, a DiFerolla é um case de sucesso, com clientes em países como Tailândia, Japão, Canadá e Chile. “A ideia de partir para a digitalização veio da minha filha, que sugeriu um caminho que sabíamos existir há algum tempo, mas que não considerávamos uma questão relevante”, explica Lourdes, que mantém páginas na internet, no Instagram, Facebook e ainda tem presença em uma plataforma de e-commerce. “Eles fizeram o dever de casa. Têm presença digital e foco no treinamento de equipe. É o que se espera no atual momento do varejo”, diz Louise, que orientou a DiFerolla durante a transição.

Mas nem todos fazem o processo corretamente. A gigante americana Macy´s é um exemplo. Em março, a marca fechou 125 endereços e demitiu dois mil funcionários por não ter se adequado ao novo modelo. “A transformação digital pegou muita gente de surpresa. Hoje, existe, inclusive, a diminuição da vida útil das empresas, que caiu de 60 para 18 anos”, explica Fábio Miranda, especialista da Hi Platform, plataforma de relacionamento e experiência do consumidor.

Mito do alto custo

A grande maioria dos varejistas brasileiros parece estar atenta ao que acontece ao seu redor. A pesquisa Desafios do Varejo, conduzida em agosto do ano passado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostrou que nove em cada dez empresários do varejo garantem acompanhar as novidades do setor. No entanto, os mesmos empresários seguem adotando estratégias de gestão ultrapassadas, baseadas, sobretudo, na prática e vivência do dia a dia.

A explicação para essa paralisia costuma ser financeira. Para a maioria dos entrevistados, a implantação de tecnologias esbarra nos custos da transição digital. Essa é uma percepção dos empresários refutada pelos especialistas. “Alegar falta de recursos para digitalizar uma loja não é uma desculpa plausível”, diz Miranda. “Existem muitos caminhos para viabilizar um negócio na internet, sem que seja necessário um investimento muito alto”.

Segundo o técnico da Hi Platform, o que falta ao empresário brasileiro é um pouco de criatividade. Ele cita experiências como os marketplaces, que são formas baratas e eficientes de encontrar um público que só consome no universo on-line. “Não é necessário nenhum grande investimento ou conhecimento técnico para aderir a esse sistema”, relata.

Miranda explica que existem startups cujo negócio é fazer parcerias com pequenos e médios empresários que não sabem como se movimentar nesse mundo do varejo digital e que as redes sociais também são muito eficientes. “WhatsApp, Facebook e Instagram são redes praticamente gratuitas. Com R$ 90 por mês, é possível contratar ferramentas que conseguem traçar o perfil do público da marca. Não existe desculpa para não se adaptar”, explica.

No caso da DiFerolla, o investimento mais caro da transição digital foi a criação de uma página na internet para garantir o espaço virtual da loja. “A manutenção dessas páginas é feita pela minha filha, que passou por diversos cursos, muitos deles gratuitos”. Ela se refere aos serviços prestados pelo Sebrae e entidades de classe, como a Federação das Indústrias do Espírito Santo, em que é possível encontrar qualificação a preços acessíveis e, muitas vezes, gratuita.

Da tela para as ruas

Engana-se também quem acha que o futuro do varejo se limitará às telas de celular, computadores e tablets. “Essa é outra ideia distorcida. O comércio on-line não vai suplantar o comércio físico”, afirma Louise, que trabalha com a orientação de pequenas e médias empresas. “As marcas que estão se sobressaindo no varejo estão presentes nas duas formas de comércio. O esforço que deve existir é para que não haja fricção entre um e outro”.

Louise se refere a um novo modelo de ponto de venda cujo conceito atende pelo nome de phygital, uma combinação das palavras em inglês para físico e digital. O exemplo mais acabado desse modelo no país é o Magazine Luiza, rede varejista fundada em 1957, no interior paulista, que sempre foi associada às lojas de rua. Desde 2017, a companhia passou a investir pesado em sua transformação digital. Ao contrário da Macy’s, soube fazer a transição de forma harmônica com seus pontos físicos.

Hoje, a empresa adotou um modelo de venda que mistura o e-commerce com lojas físicas e permite que o cliente resgate produtos comprados on-line em pontos físicos de venda. São 1.113 lojas espalhadas pelo Brasil. “A gente fez as coisas certas na hora certa. Nós acreditamos numa proposta de não separar o .com das lojas físicas. Sempre pensamos que era uma coisa só”, diz Luiza Helena Trajano, CEO da rede.

“O Magazine Luiza investiu na identificação do seu público, omnichannel, boas experiências de compra, integração do físico com o digital e um autosserviço que resolve até 70% dos problemas do cliente”, diz Miranda.

Muito além da tecnologia

Outra questão que muito varejista não entendeu é que o comércio não mudou apenas com o uso da tecnologia. A inovação no varejo passa pela forma como ela se apresenta. Existem empresas que conseguem se reinventar e se reposicionar, identificando uma missão, um propósito muito claro para ela, os funcionários e consumidores. “Acredito que o primeiro passo para quem quer a adaptação aos novos tempos passa por aí. O negócio tem que ser empático para quem trabalha e para quem consome”, diz Louise.

Essa postura de valorizar o material humano foi a base de todas as discussões na maior feira de varejo do mundo, a NRF 2020. Nas palavras de Kevin Johnson, CEO da Starbucks, “em dez anos, o varejista de sucesso deverá ter presença física e digital, com um bom relacionamento com os seus clientes. Esses vão sair ganhando o jogo!”.

Para que a relação de uma empresa e seus clientes se estreite, a tecnologia, com suas ferramentas de captação de dados, é importante, mas não absoluta. O chamado propósito, que mostra a preocupação da empresa com questões sociais e de diversidade, por exemplo, é uma maneira de falar com o novo consumidor. “Incluir pessoas que estão à margem do mercado por questões sociais, ou estéticos, por exemplo, é tão inovador e eficiente quanto qualquer software de gestão”, explica Louise.

Liliane Rocha, CEO da Gestão Kairós, consultoria de Sustentabilidade e Diversidade, este momento de crise epidemiológica e restrições globais é crucial para as empresas mostrarem seu compromisso com os preceitos e práticas de sustentabilidade, responsabilidade empresarial e diversidade.

“O cenário atual desta crise é fundamental para pensarmos e valorizarmos as pessoas. Não se trata apenas da nossa saúde física, de um possível adoecimento, mas sim da nossa saúde psíquica, mental, emocional”, diz Liliane.

Como diz a dona da DiFerolla, o desafio de verdade está em olhar diferente a maneira de fazer comércio e de lidar com as pessoas. “Achamos que todos devem estar apaixonados pela nossa marca, funcionários e clientes. Só assim poderemos proporcionar uma experiência de compra agradável. Para nós, o cliente deve sair da loja melhor do que entrou, mesmo que não tenha comprado nada”. Isso, sim, é inovação barata.

Fonte: CNDL

Seguro-desemprego tem 200 mil pessoas em fila represada

Seguro-desemprego tem 200 mil pessoas em fila represada

A pandemia do novo coronavírus levou ao represamento de 200 mil pedidos de seguro-desemprego. A fila de trabalhadores demitidos sem justa causa que não conseguiram pedir o benefício distorce os dados oficiais. Segundo o Ministério da Economia, foram registrados, em março, 537 mil pedidos por seguro-desemprego, uma queda de 3,5% em comparação com o mesmo período de 2019. Na primeira quinzena de abril, por sua vez, foram 267 mil pedidos, retração de 13,8%.

“Por enquanto, neste primeiro instante de crise, passado mais de um mês, não verificamos nenhuma explosão nas demissões”, disse o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys. No acumulado de janeiro a abril, houve o registro de 1,8 milhão de pedidos, uma retração de 8,7% em relação ao mesmo período de 2019.O secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, afirmou, no entanto, que houve um represamento de 200 mil pedidos após o início da pandemia.

“Temos uma pequena fila, de que estamos dando conta rapidamente. Essa demanda reprimida não passa de 200 mil em março e abril”, disse.Se esse contingente fosse contabilizado, porém, haveria um adicional de 150 mil pedidos, relativos aos 45 dias do mês de março e da primeira quinzena de abril deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019.

Fonte: Jornal do Comércio

Liberdade para comprar

Liberdade para comprar

A tendência do autosserviço está mais inserida na cultura do consumidor do que pensamos e seu uso equilibrado pode ser o diferencial que faltava para aumentar as vendas no varejo

Marina Bártholo

Proporcionar conforto na loja atrai e fideliza clientes. Uma das maneiras de deixar o freguês à vontade é dar a liberdade de como quer ser atendido. Tem gente que gosta da assessoria do vendedor, mas há quem prefira evitar. Por isso, o autosserviço é uma modalidade que cresce no varejo. Os recursos são diversos e vão desde a disposição dos produtos à utilização de inteligência artificial. Com tantas opções, o varejista precisa usar a criatividade e fazer um exercício de equilíbrio para eleger o que melhor se enquadra em seu modelo de negócio. Assim, atende tanto aos clientes mais independentes quanto aos que preferem a assistência pessoal.  

O autosserviço engloba toda a jornada do consumidor. Pode estar ao explorar a loja, no momento da escolha do produto, na entrega de mais informações sobre a mercadoria, no teste, na adesão a promoções e até no pagamento. Os consumidores estão muito acostumados com essa dinâmica e promovê-la na loja requer mais criatividade e treinamento do que altos investimentos em tecnologia, por exemplo. Observar a naturalidade do autoatendimento é uma boa maneira de começar a se inspirar para desenvolver melhor esse conceito na loja.

Inspire-se

Todo mundo vai ao supermercado. Escolhe o que quer, lê rótulos, se localiza pelas placas, experimenta amostras quando disponíveis, pesquisa no celular, descobre ofertas nas etiquetas e, quando tem qualquer dúvida, pergunta a algum funcionário. Com esse exemplo, Patricia Cotti, diretora executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), mostra que o autosserviço já faz parte do comportamento do consumidor e pode ser explorado em muitas modalidades. “Aplicar o conceito de autosserviço traz uma solução para o varejo e dá autonomia quando o consumidor quer”, explica.

Em outras palavras, autosserviço não significa dispensar o atendimento, mas, sim, tornar seu papel mais otimizado e diversificado. É necessário ter o atendente em alguns momentos do processo de compra e disponíveis para quem prefere ser atendido pessoalmente. Assim, é possível satisfazer mais clientes. “Loja sem atendimento é uma loja fria”, lembra Patricia. Então, o equilíbrio entre a liberdade e a condução do funcionário pode deixar a loja mais acolhedora para mais pessoas e aumentar as vendas.

Encontre o equilíbrio

Cada negócio tem sua peculiaridade. Conhecer seu consumidor e seu produto é o ponto de partida para inovar no autosserviço. Vender roupas ou materiais de construção, por exemplo, exige atendimentos diferenciados, mas pode ter sua dose de independência para o consumidor. Confira algumas dicas baseadas em ações sugeridas por Patricia para surfar nesse conceito:

  • Fazer estudos por categoria de produtos

Se você vende diferentes tipos de produto, vale identificar a característica de venda de cada um. Por exemplo, se ele pode ser testado no local, pense em uma maneira de facilitar essa experiência para o comprador. Isso pode ser a diferença na decisão de comprar.

  • Observar

Deixe os clientes à vontade e observe o processo de compra deles. Onde param para pedir ajuda, o que passa batido para eles, o que pode incomodá-los, onde se perdem no processo, o que mais chama atenção. Isso é valioso para começar a agir e para identificar a jornada de autosserviço na sua loja.

  • Fornecer informações

Disponibilizar informações escritas sobre o produto pode gerar interesse e esclarecer dúvidas. Assim, o que poderia passar batido ou a compra que seria deixada para depois se concretizam. Lembre-se de apresentar as informações de maneira visualmente interessante e concisa.

  • Comunicar

Anuncie as promoções na loja por escrito, sugira como utilizar o produto, deixe um recado útil para o comprador, como o horário de funcionamento da loja, como acionar vendedores ou sinalização de onde encontrar determinados tipos de produto na loja.

  • Experimentar

Coloque suas ideias em prática e veja como funcionam. Observe e adapte, sempre que preciso. O comportamento do cliente está em constante mudança, é preciso sempre renovar e lembrar que o foco é o conforto dele.

  • Estruturar a loja

Avalie reestruturar a loja. Muitas vezes, uma simples reorganização na maneira de apresentar os produtos faz a diferença. Aumentar o espaço em alguns setores, mudar o caixa de lugar, isso pode melhorar o processo de compra, independentemente do cliente, e tornar a jornada pela loja mais intuitiva.

Fonte: Varejo SA

Indústria gaúcha deixou de comercializar R$ 180 milhões por dia, aponta Fiergs.

Indústria gaúcha deixou de comercializar R$ 180 milhões por dia, aponta Fiergs.

Levantamento realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), divulgado nessa segunda-feira (27), revela que a indústria gaúcha deixou de comercializar R$ 180 milhões em média por dia como consequência da crise do coronavírus. O resultado foi obtido por meio do acompanhamento do valor das Notas Eletrônicas (NF-e + NFC-e) emitidas no Estado no período, divulgado semanalmente pela Receita Estadual.

Segundo a Fiergs, os dados permitem estimar as perdas financeiras por conta da queda nas vendas da atividade econômica gaúcha durante a paralisação. “A continuarem as restrições de funcionamento de diversas atividades no Estado, esse cenário de dificuldades será aprofundado. A redução na produção e nas vendas prejudica ainda mais a situação financeira das empresas, muitas delas ainda em recuperação da grande recessão de 2015-2016, o que pode provocar desemprego ou até mesmo o encerramento de atividades de algumas indústrias”, destaca o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry.Como reflexo da diminuição do consumo em razão do isolamento social, as quatro últimas semanas foram de perdas expressivas para a economia gaúcha. Os dados mais recentes, notados de 11 a 17 de abril, revelam queda de 13,1% do valor médio diário de emissão de Notas Eletrônicas, na comparação com o mesmo período de 2019, e somam-se às perdas de 22,9%, 31,5% e 10,6% registradas nas três semanas anteriores.Entre os três setores acompanhados pela Receita Estadual, a maior queda nas vendas na última semana ocorreu no Varejo (- 27,7%), seguido pelo Atacado (-21,8%) e pela Indústria (-16,6%). O montante que deixou de ser comercializado ajuda a dimensionar o prejuízo para o setor industrial: em média, a venda diária foi de R$ 697,83 milhões, ao passo que no período equivalente do ano passado foi de R$ 836,73 milhões, uma redução R$ 138,90 milhões.Porém, considerada desde o início da crise, a venda média diária foi R$ 180 milhões menor em relação ao igual período de 2019. No acumulado entre 16 de março e 17 abril, a queda equivaleu a R$ 5,7 bilhões frente à mesma base de comparação do ano passado. Entre os 19 segmentos industriais para os quais há dados, apenas sete apresentaram crescimento nas vendas no acumulado das últimas cinco semanas (16 de março a 17 de abril). As atividades que conseguiram crescer estão relacionadas à área de alimentação, como a produção de Arroz (+40%), Suínos (+35%), Trigo (+19%), Leite (+14%) e Aves e Ovos (+14%), bem como de Produtos de limpeza (+32%).Entretanto, até mesmo nesses segmentos houve desaceleração nas taxas de crescimento das vendas no decorrer da crise. Por outro lado, as maiores retrações foram nos segmentos de Couros e calçados (-72%), Móveis (-54%), Têxteis e confecções (-53%), Metalurgia (-49%) e Veículos (-47%).

Fonte: Jornal do Comércio

Entrega da declaração do Imposto de Renda 2020 é adiada para 30 de junho

Entrega da declaração do Imposto de Renda 2020 é adiada para 30 de junho

O governo adiou por dois meses o prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda por causa da pandemia do coronavírus. O prazo foi postergado de 30 de abril para 30 de junho.

O secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, afirmou nesta quarta-feira (1) que a medida foi tomada após ele receber relatos de contribuintes de problemas para fazer a declaração.Como exemplo, citou situações em que contribuintes estão confinados em casa enquanto os documentos necessários estão no escritório ou na empresa.”Há dificuldade momentânea de ter acesso a documentos necessários. Considerando isso, tomamos essa decisão”, disse.

Fonte: Jornal do Comércio

Com projeções já em queda livre, economia pode demorar mais a se recuperar por riscos fiscal e político

Com projeções já em queda livre, economia pode demorar mais a se recuperar por riscos fiscal e político

A derrocada econômica gerada pela pandemia do coronavírus tem tido impacto mais rápido e agudo sobre as projeções para a atividade no Brasil do que o visto na crise financeira global de uma década atrás, movimento que ocorre em meio a uma virada da política fiscal e ao aumento da instabilidade política, combinação perigosa que pode comprometer uma futura recuperação da economia.

Desde que os mercados internacionais entraram em tendência de baixa, em meados de março –-com claro impacto sobre a percepção acerca da economia e dos ativos brasileiros–, analistas levaram apenas três semanas para passar a prever uma contração do PIB neste ano, segundo dados do relatório Focus do Banco Central.

A mediana das projeções levou um mês para ser reduzida em pelo menos 4 pontos percentuais –saindo de crescimento de 1,88% em 12 de março (início da tendência de queda nos mercados) para contração de 2,2% em 13 de abril.

Uma década atrás, quando o mundo mergulhou na até então maior crise financeira desde a Grande Depressão, tamanha deterioração nas expectativas demorou mais de oito meses para aparecer nos números da Focus.

Outras métricas dão ideia da profundidade do golpe à economia nesta crise. A atividade do setor de serviços do Brasil despencou em março, sofrendo o maior tombo desde o início da pesquisa 13 anos atrás. E a prévia da FGV para o índice de confiança da indústria indica queda para o menor valor da série histórica no mês de abril.

O pesquisador da Área de Economia Aplicada do Instituto Brasileira de Economia da FGV (Ibre-FGV), Marcel Balassiano, destacou a natureza particular da atual crise. “Todas são crises mundiais, mas essa não é uma crise econômica, é uma crise de saúde que tem impactos na economia. Então isso difere em tudo”, afirmou.

Países em todo o mundo têm mantido políticas de isolamento social e paralisação de indústrias, o que fez minguar o consumo e a atividade como um todo, com severos impactos nas cadeias de suprimento.

Para Balassiano, a expressiva deterioração das projeções econômicas decorre das incertezas em torno de quando haverá o afrouxamento e o posterior restabelecimento completo da circulação de pessoas, com a retomada das cadeias produtivas não somente no Brasil, mas no mundo.

A estimativa da Focus para o PIB, que atualmente aponta contração de praticamente 3% este ano, ainda é otimista perto da calculada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Dez dias atrás, o organismo divulgou que a economia brasileira deverá retrair 5,3% neste ano. Confirmado esse número, será o pior resultado anual de toda a série histórica disponibilizada pelo Banco Central e que compila dados do IBGE, a partir de 1962.

O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o país ainda não sentiu “coice externo” do coronavírus.

Em 2009, a economia retraiu 0,1%, depois de crescer 5,1% no ano anterior, quando houve o estouro da crise financeira.

Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, afirmou que os impactos adversos à economia neste ano não têm paralelo na história econômica local, o que explica a velocidade na qual as instituições passaram a rever suas projeções.

“Você não consegue classificar isso em nenhum tipo de crise. É uma coisa na qual você teria uma paralisação comparável a uma guerra, mas não há destruição do capital físico”, afirma.

RISCO FISCAL E RECUPERAÇÃO MAIS LENTA

Para além da discussão sobre os impactos econômicos imediatos da crise, o foco de preocupação se volta cada vez mais para o futuro da política fiscal e da agenda de reformas. Uma maior desconfiança nessas frentes pode atrasar a retomada dos investimentos privados e, por tabela, da recuperação econômica.

Nesse contexto, a perda de ascendência do ministro da Economia, Paulo Guedes, que ficou de fora da articulação inicial em torno de um plano de retomada pós crise, gerou preocupação entre analistas. A saída atribulada de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça nesta sexta reforçou temores em relação ao futuro de Guedes no governo.

O governo aprovou uma série de medidas de aumentos de gastos para fazer frente ao colapso da economia por causa do isolamento social, e mesmo dentro do Executivo há receios sobre o efeito colateral mais à frente em termos de confiança do mercado financeiro e do setor produtivo em relação às contas públicas.

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, renovou na semana passada sua previsão para o rombo primário neste ano, que se aproxima de 600 bilhões de reais, perto de 8% do PIB. Esse número contrasta fortemente com a previsão do mercado em janeiro, de déficit de pouco mais de 82 bilhões de reais.

“O Brasil está entrando na tempestade com uma posição fiscal fraca, que inclui déficits orçamentários estruturais e alta dívida pública, o que significa grandes desafios fiscais adiante”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

Rostagno prevê déficit primário disparando a 11,5% do PIB, que agora vai encolher 3,3% (ante estimativa anterior de -1,5%). A economia deverá despencar 8,5% no segundo trimestre, antes de se recuperar a partir do terceiro trimestre. “Mas é certo que os riscos permanecem inclinados para baixo (PIB mais fraco)”, ponderou.

As incertezas sobre a política fiscal têm afetado não apenas as perspectivas para a economia, mas –de forma correlacionada– também os ativos financeiros.

O Credit Suisse avaliou nesta semana que o real está fora da lista de apostas a favor no mundo emergente devido à fragilidade da posição fiscal do Brasil durante um evento como a crise atual do coronavírus.

O JPMorgan vai na mesma linha e cita “crise política” como mais um fator a engrossar o caldo de entraves à recuperação econômica pós-Covid-19.

“Todos os países estão sofrendo uma contração do PIB e estão tendo que adotar medidas fiscais expansionistas para enfrentar o vírus. Mas a política brasileira pesará cada vez mais nas perspectivas”, disseram estrategistas do banco em relatório desta semana.

“Os mercados brasileiros agora estão acompanhando o fluxo global (e ainda com baixo desempenho), mas, quando chegar o momento da diferenciação, a preocupação é que uma desaceleração macro abra caminho para erros de política, antecipando um debate político que só deve ocorrer mais perto das eleições presidenciais de 2022.”

Fonte: ÉPOCA NEGÓCIOS

Câmara aprova aporte de R$ 15,9 bi do Tesouro para bancar empréstimos a microempresas

Câmara aprova aporte de R$ 15,9 bi do Tesouro para bancar empréstimos a microempresas

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um projeto que facilitará o acesso ao crédito a micro e pequenas empresas durante a crise. Articulada com o governo, a proposta autoriza o Tesouro Nacional a depositar R$ 15,9 bilhões em um fundo para bancar uma parte dos empréstimos em caso de inadimplência dos tomadores. O texto, modificado por deputados, retornará ao Senado após a votação de destaques.

O empréstimo terá taxa de juros máxima de 1,25% ao ano, acrescida à variação da Selic (taxa de juros básica da economia). Também haverá carência de seis meses e prazo de pagamento de até 36 meses. Para estimular os bancos a emprestarem para o segmento, o Tesouro vai garantir até 80% das operações por meio do uso de verba de um fundo. O texto cita o Fundo Garantidor de Operações (FGO).  

A nova linha poderá ser operada pelos bancos públicos (Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia),  além de cooperativas de crédito, bancos cooperativos e fintechs. Inicialmente, a equipe econômica propôs aportar nesse fundo R$ 10,9 bilhões, e essa proposta foi aprovada pelo Senado, mas aceitou elevar o valor para R$ 15,9 bilhões.

Relatora da proposta, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que os deputados chegaram a pedir o aporte de R$ 20 bilhões, mas a negociação chegou ao patamar de R$ 15,9 bilhões.

– É um projeto para que possamos proteger o emprego e as micro e pequenas empresas (…) o projeto veio do Senado com o aporte de R$ 10,9 bilhões da União para fazer o empréstimo com os juros praticamente subsidiados, porque o spread é muito pequeno. Quer dizer, a remuneração do juro desse empréstimo é pequeno. Veio com R$ 10,9 bi, correspondente a 80% do volume total. E os outros 20% seriam o aporte dos próprios bancos. Chegamos (na negociação) ao aporte de R$ 20 bi pelo Tesouro, mas houve um passinho para trás e fechamos em R$ 15,9 bi – disse Joice.

Batizado de Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), o projeto poderá beneficiar até 3,2 milhões de empresas enquadradas no Simples e que estejam com as contas em dia.  O crédito será direcionado às microempresas, com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil, e empresas de pequeno porte, com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano. 

O limite do empréstimo corresponderá a até três vezes o faturamento mensal. Os interessados terão que se cadastrar no site da Receita Federal para solicitar o financiamento.

A principal mudança feita pela Câmara diz respeito ao papel do Tesouro, que vai garantir o empréstimo e não socorrer as diretamente as pequenas empresas.  A falta de garantia a oferecer o crédito é um dos entraves nesse segmento.

Fonte: Época Negócios