Crise agiliza mudança para o meio digital

Jefferson KleinO isolamento social ocasionado pelo coronavírus antecipou uma tendência que já era possível perceber globalmente nos últimos anos: a maior atividade no mundo virtual. O publicitário e CEO do grupo G5, João Satt Filho, diz que a “vida normal” foi sequestrada, obrigando as pessoas a aprenderem um novo jeito de viver.

Satt Filho foi o palestrante da reunião-almoço Tá na Mesa promovida pela Federasul, via Facebook, nessa quarta-feira (8), abordando as mudanças comportamentais do consumidor durante a pandemia. Na ocasião, o publicitário também apresentou dados da pesquisa “Medo x Desejo – Caminhos para seu negócio reagir rápido no novo normal”.Entre outras informações, o levantamento aponta que 66,4% dos entrevistados tinham pouca ou nenhuma vontade em voltar a frequentar lojas físicas.

Satt Filho comenta que entre os fatores que podem contribuir para esse cenário estão o medo do contágio e a conveniência digital. O estudo questionou ainda o que se pretendia fazer após o confinamento e 30% informou que almeja retornar à rotina, porém 70% deseja mudar e ter mais tempo para aproveitar a vida. A perspectiva é que esse novo consumidor adote um padrão de consumo mais focado no essencial e em artigos confortáveis. Dentro desse perfil, o CEO do grupo G5 salienta que segmentos como o de moda, cosméticos, joias e itens de luxo estão entre os que deverão enfrentar mais dificuldade.

“É um contexto em que se usa menos sapato e mais sapatênis”, ilustra o publicitário.Ainda segundo a pesquisa, em abril, 53,8% dos entrevistados consideravam seguro voltar a frequentar o comércio, shoppings, rodoviárias e aeroportos. Já em junho esse percentual caiu para 14,8%. Em abril, as pessoas estavam mais pré-dispostas a gastar com itens de alimentação e bebidas, saúde e educação. Em junho, os alimentos continuavam como destaque, mas foi possível notar o crescimento de tópicos como deliverys (Rappi, iFood, Uber Eats) e internet.

O integrante do grupo G5 destaca que, com o desemprego aumentando em uma velocidade muito elevada, os impactos na economia são amplamente sentidos e quem está sofrendo mais são empresários, autônomos, pessoas jurídicas e trabalhadores informais. Ele aconselha que as empresas aceitem que as coisas mudaram, revendo seus propósitos neste novo cenário.

Para Satt Filho, o ambiente hoje é de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, algo que se assemelha a um carro de Fórmula 1, entretanto não cabe reclamar é melhor se apaixonar pela disputa. “O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”, cita o publicitário.

Fonte: Jornal do Comércio