Roberto Hunoff, de Caxias do Sul
Em linha com o anúncio do governador Eduardo Leite de que, na próxima semana, serão divulgadas as regras para a liberação de eventos de maior porte, como atividades culturais, feiras e shows, o Gabinete de Crise avalizou a realização de quatro iniciativas: Feira Internacional de Turismo (Festuris), Feira de Calçados e Acessórios Zero Grau e Natal Luz, em Gramado, e a Feira de Inovação Industrial (Mercopar), em Caxias do Sul. A autorização para a realização dos eventos foi publicada na segunda edição do Diário Oficial do Estado de 28 de setembro e ocorrerá mediante envio de protocolos próprios.
A autorização para a realização de eventos é para municípios que se localizam em regiões com bandeira laranja ou amarela há pelo menos 14 dias consecutivos. Também haverá a exigência que o município que planeja permitir a realização de um evento já tenha organizado os protocolos sanitários essenciais ao retorno às aulas. Essa obrigação tem como intuito estabelecer uma escala de prioridades para o retorno.
Os organizadores deverão seguir, integralmente, todos os protocolos e regras já estabelecidos na Portaria 617/2020, da Secretaria da Saúde. Como exemplo, o respeito ao teto de ocupação da área útil já estabelecido de oito metros quadrados por pessoas em ambientes em pé e quatro metros quadrados por pessoas em ambientes sentados.
O presidente da Gramadotur, responsável pela organização do Natal Luz, Rafael Carniel, destacou que, a partir da publicação do decreto, ocorrerão reuniões com as áreas da educação e da saúde do Município para encaminhar os protocolos necessários para garantir a realização de espetáculos e cumprir a determinação do retorno presencial das aulas. O evento está confirmado para ter início em 22 de outubro, estendendo-se até 30 de janeiro, mas com características diferentes das edições anteriores de forma a respeitar os protocolos de segurança.
Desta forma, o Grande Desfile de Natal e o acendimento das luzes não ocorrerão em ambiente aberto, como era tradicional, pela dificuldade de evitar aglomerações. “Estamos avaliando outras possibilidades de intervenções artísticas em locais em que se possa controlar o fluxo”, sinalizou.
Outra pauta das reuniões tem sido sobre a realização do Show do Lago, uma das principais atrações da programação de anos anteriores. De acordo com Carniel, neste caso também pesa o prazo exíguo para dar encaminhamento às licitações para a contratação das empresas. Uma das medidas em análise é a formalização de uma parceria público privada, já que a contratação direta pela Prefeitura, sem licitação, elevaria os custos. “Mesmo com todas estas dificuldades, teremos um evento de qualidade, diversificado e seguro para todos os participantes”, reforça.
Na avaliação de Carniel, o público visitante deverá sofrer retração de 30% em relação à edição passada, que atraiu 1,5 milhão de pessoas. O fato deve-se, principalmente, à condição de que 65% dos turistas usam a malha aérea como deslocamento, que ainda não tem situação normalizada. Carniel acredita no aumento de turistas se deslocando por meio rodoviário.
Gramado terá duas feiras de negócios em novembro
A primeira feira com público na América Latina, ainda no período da pandemia do coronavíris, será o Festuris, de 5 a 8 de novembro, no Serra Park. Para Eduardo Zorzanello, CEO da Festuris, o fato constitui-se em marco, pois amenizará o negativismo presente e terá significado importante na recuperação econômica, não só do turismo, mas da economia de forma geral. O executivo destaca que toda a organização foi feita visando à realização presencial em novembro, embora houvesse um plano B em análise, caso a pandemia se mantivesse em patamares elevados. A ideia era adotar o formato digital.
Ele destaca como grande conquista do setor a elevação do patamar de público simultâneo num mesmo espaço de 300, originalmente fixado, para 1,7 mil. Com base nesta condição, a organização fixará limite de 3,5 mil a 4 mil inscrições, o que representa diminuição de quase 70% em relação aos 12 mil da edição passada. Mesmo assim, a organização usará 25 mil m² dos 28 mil m² disponíveis de pavilhões.
Assinala que várias medidas serão adotadas para inibir a aglomeração, como a descentralização dos visitantes ao longo dos três dias, para atender ao limite de 1,7 mil, mudança no layout da feira e distanciamento adequado, dentre outras. Em seu novo formato, o Festuris Gramado tornará obrigatório o agendamento de reuniões através do App Festuris. A digitalização também objetiva reduzir a distribuição de materiais impressos e oferecer todo um controle de acesso e segurança dos participantes.
De acordo com Zorzanello, esta edição terá mais espaço para o mercado nacional. Também está sendo estudada a possibilidade de criar uma feira virtual paralela à presencial para absorver a demanda do mercado internacional. Destaca, ainda, o efeito positivo da feira na cadeia de turismo por fomentar a economia e criar possibilidades de trabalho para muita gente atualmente desempregada.
A Zero Grau – Feira de Calçados e Acessórios está confirmada de forma presencial para os dias 16, 17 e 18 de novembro, no Centro de Eventos do Serra Park. O diretor da Merkator Feiras e Eventos, empresa promotora, Frederico Pletsch, assegura que o evento será realizado respeitando todas as regras para marcar a retomada da atividade. “O setor está necessitando muito de um ânimo para começar 2021 de maneira bem promissora”, salienta.
Já estão confirmados para a feira, que lança as coleções outono/inverno, 220 expositores dos polos brasileiros de calçados, somando cerca de 1 mil marcas dos segmentos femininos, masculinos, infantis e esportivos, além de bolsas, cintos e demais acessórios. “Vamos organizar uma feira completamente diferente de tudo o que já realizamos com a finalidade de auxiliar o mercado a ingressar na normalidade possível. Faremos um palco ideal para negócios nos dias de hoje, sem esquecer as necessárias medidas sanitárias preventivas e rigorosas para cuidar da saúde de todas as pessoas”, reforçou.
O setor calçadista brasileiro foi um dos mais atingidos pela desaceleração do mercado, chegando a registrar índices alarmantes de fechamento de postos de trabalho. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, de janeiro a julho, foram fechados 43 mil postos de trabalho e as receitas no mercado doméstico caíram 37% na comparação com igual período do ano passado. Já as exportações cederam 25% de janeiro a agosto em relação aos mesmos meses do ano passado.
Fonte: Jornal do Comércio