O dólar subia contra o real nesta terça-feira mesmo depois de ensaiar queda no início das negociações, com a expectativa de corte de juros pelo Banco Central brasileiro pressionando a divisa brasileira num momento em que os mercados buscam sinais de ações internacionais para combater o impacto econômico do coronavírus.
Às 10:12, o dólar avançava 0,31%, a 4,5006 reais na venda. O dólar futuro tinha ganho de 0,58%, a 4,5085 reais.
Este é o décimo pregão de alta do dólar, que, na última sessão, fechou com ganho de 0,13%, a 4,4868 reais na venda, máxima histórica nominal para encerramento. O dólar renovou seu pico histórico para fechamento em todas as últimas oito sessões.
Mais uma vez, os investidores estavam atentos ao noticiário sobre o vírus chinês que já se espalhou para mais de 60 países, levantando temores de uma nova recessão global e pressionando bancos centrais e ministros das Finanças de todo o mundo a agir contra os efeitos econômicos da doença.
Nesta terça-feira, ministros do G7 realizaram uma reunião por telefone para discutir o combate ao impacto do coronavírus, enquanto o Banco Central da Austrália foi o primeiro a cortar juros como forma de apoiar a economia.
Em meio ao avanço rápido do vírus, a expectativa é de que esse movimento de redução do custo dos empréstimos se espalhe pelo mundo, inclusive para o Brasil.
“O real, pelo fato de haver um aumento das apostas de que o Banco Central voltará a cortar juros, tem ficado mais vulnerável em relação ao dólar”, explicou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
“Se o Federal Reserve cortar juros e o Banco Central esperar para agir, o real pode ter espaço para alguma recuperação, mas, se o BC reduzir aqui também, isso vai empurrar o dólar para cima”, afirmou.
Os sucessivos cortes da Selic recentemente reduziram a diferença entre as taxas pagas pelos títulos brasileiros e os papéis norte-americanos –considerados os mais seguros do mundo. Assim, o investidor estrangeiro tem tido menos estímulo para aplicar na renda fixa local, o que prejudica o fluxo cambial e joga contra melhora na oferta de dólar no país.
No exterior, a divisa norte-americana ganhava contra alguns dos principais pares emergentes do real, como peso mexicano e rand sul-africano, enquanto subia 0,2% ante uma cesta das seis principais moedas.
Neste pregão, o Banco Central ofertará até 13 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, para rolagem de contratos já existentes.
Fonte: Época Negócios