Litoral gaúcho pode ter ocupação recorde no veraneio

Em anos anteriores, orla de Torres costumava lotar nos finais de semana

Adriana Lampert

Com a proximidade das festas de fim de ano e da chegada do verão, em dezembro, milhares de gaúchos se preparam para migrar para as praias do Litoral do Estado e de Santa Catarina. Pelo menos é o que aponta o mercado, aquecido desde agosto. Prova recente é o elevado movimento nas estradas neste feriadão, com praias cheias de turistas.

Um dos motivos é que muita gente desistiu de viajar de avião, evitando destinos como o Nordeste, para se refugiar nas praias próximas. O movimento já começou e tem se intensificado a cada feriado, desde o início de setembro. Se os números dos últimos anos se repetirem, pelo menos 1,5 milhão de pessoas devem migrar para as praias do Litoral Norte nos meses de janeiro e fevereiro.

“Devido à pandemia de Covid-19, todo mundo que pode está migrando para o Litoral, buscando fugir da Região Metropolitana e obter mais qualidade de vida”, concorda o proprietário da MW Imóveis, Marlon William Alves, que atua no município de Imbé. Segundo ele, o aluguel de imóveis passou a tomar uma proporção inédita desde junho deste ano. Após um crescimento da demanda mais voltado à “sondagem” de preços e dos produtos disponíveis, o volume de locações disparou. “Comparado a anos anteriores, foi o maior de todos neste período. Também aumentou muito a venda de casas e apartamentos no inverno, a maior da história. Estamos com grande expectativa para o fim deste ano”, conta. Alves avalia que o Litoral tornou-se uma espécie de refúgio em meio à pandemia.

“Por ser cercado de natureza e praia, é possível respirar um ar mais puro. Muita gente que é proprietário de casa ou apartamento optou por vir morar aqui e trabalhar em home office”, afirma o empresário. Justamente por isso, na contramão da procura, a oferta de imóveis para locação deve diminuir no verão. O corretor comenta que a demanda por locação de imóveis nos feriados do Natal e Ano Novo iniciou em julho (dois meses antes do normal). Mas, segundo ele, os preços se mantiveram. 

Assim como Tramandaí, Capão da Canoa e Xangrilá, Imbé tem poucos hotéis, se comparado a Torres, onde a rede de hospedagens é formada por 50 empresas. Lá a hotelaria também está batendo recorde de ocupações – agosto, por exemplo, foi o melhor resultado para o mês nos últimos cinco anos. “As pessoas estão querendo dar uma desopilada, após tanto tempo de isolamento social”, avalia o diretor- proprietário do Dunas Praia Hotel, Danilo Quartiero Filho.

Localizado em frente à praia, o estabelecimento já tem 20% da taxa de ocupação reservada para o Reveillon. Trabalhando com capacidade reduzida (atualmente em 70%, por conta da bandeira laranja), o hotel é uma das alternativas de hospedagem no Litoral, que junto com as praias catarinenses devem atrair muitos visitantes gaúchos a partir de dezembro. 

“Por conta das fronteiras do País estarem fechadas, somada à conscientização de que não é recomendável viajar muito longe, acreditamos que este será um verão acima da média”, afirma Quartiero, emendando que as diárias seguem no mesmo valor. “Os preços foram mantidos e nem mesmo a inflação foi corrigida.”

Ele admite que, apesar da expectativa da rede hoteleira da região ser alta, há dúvidas sobre qual será a conjuntura da pandemia. “Não se sabe se vai ter vacina, e quais os fatos sanitários e econômicos no período temporada”, pondera o proprietário do Dunas Praia Hotel. “Mas o fato é que a demanda está reprimida, e acreditamos que isso vai acabar fazendo com que as pessoas tenham mais vontade de viajar nas férias.” De acordo com o hoteleiro, o trade também trabalha com a estimativa de que muitos moradores do Estado que, em outro cenário, “subiriam” até Florianópolis ou para as praias do Nordeste, acabará optando pelo Litoral gaúcho. “A procura tem sido muito maior do que em anos anteriores”, concorda a proprietária da Pousada Hospedaria das Brisas, na Praia do Rosa (SC). “Temos tido hóspedes todos os finais de semana, dentro da capacidade que é permitida”, emenda a empresária. Segundo Fernanda a ocupação da hospedagem “está muito boa, inclusive durante os dias de semana”.

Fonte: Jornal do Comércio