O consumidor vai cobrar!

Conheça as principais tendências mundiais apontadas pelo Sebrae e pela ABIHPEC para o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos

Nos últimos anos, com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, a indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos passou a ser percebida como peça-chave na promoção do bem-estar e da saúde das pessoas. À medida que os produtos contribuem para que elas cuidem mais de si mesmas, se valorizem e se protejam, o setor passa a ser visto com certa essencialidade.

Nesse contexto, o número de empresas que atuam com serviços de beleza no Brasil cresceu expressivamente, com destaque para os pequenos empreendedores. Entre 2009 e 2016, o segmento de HPPC (higiene pessoal, perfumaria e cosméticos), que também inclui serviços relacionados aos cuidados com a beleza, recebeu cerca de 645 mil novos Microempreendedores Individuais (MEIs) e mais 26 mil Microempresas (MEs) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs). Além disso, em 2017, o mercado nacional de HPPC movimentou US$ 32,1 bilhões em consumo e, segundo a Euromonitor, figurou em quarto lugar no ranking mundial.

Para fortalecer ainda mais esse mercado e oferecer insumos para que as empresas possam se destacar da concorrência, especialmente das grandes companhias internacionais, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) desenvolveram o Caderno de Tendências 2019-2020. A publicação, em sua quarta edição, aborda as transformações que vêm ocorrendo no Brasil e lá fora, aponta caminhos e relata casos de sucesso inspiradores para companhias de todos os portes. É especialmente útil para as micro, pequenas e médias empresas, que costumam ter menos acesso a esses estudos. “Essas empresas precisam conhecer os movimentos e tendências, para que consigam se adaptar e começar a planejar o seu futuro diante desse cenário que está sendo desenhado para o setor de HPPC”, afirma Andrezza Torres, coordenadora nacional da Cadeia de HPPC/Beleza.

A principal tendência a ser considerada é, sem dúvidas, a forte procura do consumidor por individualização, isto é, ele procura algo que seja para ele e que o respeite como indivíduo, tanto esteticamente quanto em relação à sua saúde e às suas crenças. De acordo com o estudo, 33% das brasileiras entre 19 e 35 anos dizem que gostariam de ver mais anúncios com pessoas de diferentes tipos e formatos de corpo, ou seja, as pessoas não querem mais ver apenas um único padrão. Elas querem expressar seu estilo individual e se sentir representadas. Entender esses movimentos será imprescindível para as empresas que desejam se manter competitivas.

Andrezza destaca também que o consumidor quer opções sustentáveis. “Há uma clara visão de que nós precisamos pensar na biodiversidade brasileira, no comércio e nos insumos locais”, explica a coordenadora do Sebrae. Segundo pesquisa do Laboratório de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o segmento de produtos com ingredientes de origem natural cresce entre 8% e 25% ao ano no mundo todo. Além disso, o Caderno de Tendências mostrou que há uma preferência pelo consumo de itens de produção local, o que indica um cuidado com as fontes de produção e com os processos de fabricação.

Atrelada às duas tendências já citadas, temos a transparência, característica que será cada vez mais cobrada pelos consumidores. As pessoas querem saber mais do que as prateleiras mostram. Elas estão interessadas nos ingredientes utilizados, no formato de produção, de transporte e armazenamento dos produtos, por exemplo, e, para que não haja nenhum furo, as empresas vão precisar alinhar seus processos com seus discursos e campanhas de marketing.

Entre as tendências destacadas pelo estudo, estão o marketing de experiência, os micro-influencers, a valorização da fluidez de gênero, marcas com propósito, novos canais de vendas e várias outras que você pode conferir no site do Sebrae e da ABIHPEC. Estudos como esse são relevantes pois ajudam o empreendedor a entender o que o consumidor deseja, compreender as mudanças do mercado e enxergar possibilidades que ajudem a posicionar a empresa de forma mais produtiva, além de descobrir para onde o mundo está caminhando e de que maneira isso vai afetar seu negócio.

Para o futuro das relações entre consumidor e indústria, Andrezza afirma: “As tendências são resultado de uma cooperação entre marca e cliente, por isso a necessidade de haver um diálogo. Acho que nem a indústria vai conseguir impor tendências, nem o cliente vai atuar como um ser isolado do ecossistema. Os clientes vão conversar tanto entre si quanto com a indústria e vice-versa. A tendência é: interação, colaboração e cocriação entre consumidores e marcas”.

Fonte: Varejo SA