Três aplicações eficientes e modernas que podem melhorar a competitividade do varejo

Confira como, após tantos avanços, a tecnologia ainda tem potencial para transformar o ecossistema do consumo no futuro

A tecnologia é capaz de tornar o modelo de varejo mais competitivo e lucrativo, além de garantir que os negócios se atualizem e não sejam excluídos do mercado por falta de inovação. Não à toa, sua aplicação em torno da automação de processos em busca de mais eficiência foi batizada como Quarta Revolução Industrial. E, após tantos avanços, ainda há o que ela pode contribuir para melhorar a competitividade das empresas que compõem o ecossistema do consumo e, também, o setor como um todo.

Abaixo, listamos três aplicações que possuem potencial para impulsionar os resultados do segmento. Confira:

Redução da burocracia tributária
Um Projeto de Lei Complementar tem ganhado força no Legislativo como uma alternativa para a redução da burocracia tributária no País e como um gesto ao setor produtivo em função da diminuição do engajamento dos senadores no avanço com a pauta da reforma tributária (PEC 110/19). E o seu ponto central é justamente a aplicação da tecnologia.

Hoje, o cenário fiscal do varejo envolve dez tipos de documentos eletrônicos, que consomem mais de R$ 36 bilhões por ano para suas manutenções, e 62 variações de reportes fiscais mensais do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Se analisarmos o custo desse volume de burocracia, as pequenas empresas gastam, em média, três mil horas anuais. Já as médias consomem nove mil horas, enquanto as grandes 34 mil horas por ano.

Analisando a falta de um padrão para a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e), especificamente, mais de 100 formatos são mantidos, gerando um custo anual para alterações técnicas de R$ 12 bilhões. Além disso, um baixo número dos 5.570 municípios do Brasil possui tecnologia para criar seus padrões de emissão de NFS-e, prejudicando sua produtividade, atividade econômica, inserção na economia e acesso a financiamentos para modernização tecnológica.

O Brasil precisa reduzir a sua complexidade tributária para evoluir. Por isso, recentemente a Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (AFRAC), propôs em âmbito nacional o uso da tecnologia em um programa de Simplificação Fiscal Digital, que visa à criação de um processo simplificado de atendimento às regras fiscais através do uso de softwares e preconiza a existência de um único documento eletrônico, a Nota Fiscal Brasil Eletrônica.

Isso significa reduzir o Custo Brasil em R$ 115 bilhões por ano, representando um novo patamar anual de R$ 39 bilhões. Ou seja, um quarto do atual. E esse preceito foi incorporado no PLP 178/2021, de autoria do deputado Efraim Filho (União-PB), que institui o Estatuto Nacional de Simplificação de Obrigações Tributárias Acessórias, cria a Nota Fiscal Brasil Eletrônica (NFB-e) e a Declaração Fiscal Digital (DFD).

Em análise na Câmara dos Deputados, o texto também unifica cadastros fiscais no Registro Cadastral Unificado (RCU). A finalidade da proposta é padronizar legislações e sistemas, e reduzir custos para as administrações tributárias e para os contribuintes.

“É um passo importante para a economia do País, pois a complexidade das regras fiscais torna o seu cumprimento uma tarefa quase insana. As empresas geralmente têm que ter uma equipe especializada para cuidar da parte tributária, da emissão dos documentos e das obrigatoriedades acessórias. Esse novo modelo, além de reduzir significativamente estes custos, também confere agilidade e segurança jurídica para elas, o que muitas vezes representa um benefício até maior do que a redução dos custos”, afirma Paulo Guimarães (Peguim), presidente da entidade.

Esse projeto pode ganhar os holofotes ainda este ano, sinalizando ao setor produtivo a preocupação do Congresso Nacional com a diminuição do Custo Brasil e com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios. Importante salientar que esse modelo simplificado atende a qualquer das propostas de reforma tributária em discussão no Congresso e Senado, bem como o modelo tributário atual.

Open Banking e o PIX como plataforma para o varejo do futuro
Os meios de pagamento têm sido fonte de inovações e sinônimo de disrupção no segmento, ao lado de uma série de outras que vemos no varejo da era digitalizada – como lojas autônomas e atendimento multicanal. Para o futuro, muito se fala sobre a interligação com as práticas de metaverso e criptomoedas.

Porém, para inovar, ir além e se tornar, de fato, disruptivo, a resposta está em agregar valor à sua oferta para o shopper. E, é claro que isso envolve tecnologia! Vamos nos debruçar aqui em como o Open Banking e o PIX devem transformar o varejo do futuro.

As recentes mudanças implementadas no meio de pagamento instantâneo já dão um gostinho de como essa variação de pagamento pode representar benefícios para o varejo. O PIX Saque e o PIX Troco, modalidades que entraram em vigor em novembro passado, já significam uma nova fonte de renda para os varejos que aderiram ao modelo e também representam uma comodidade a mais para os consumidores. Temos aqui benefícios em atração de clientes, fidelização e segurança.

“Apesar de parecer algo distante do varejo, a verdade é que no futuro será cada vez mais difícil diferenciar atividades do comércio e do sistema financeiro”, comenta Edgard de Castro, vice-presidente de Relações Institucionais da AFRAC. Ele diz que hoje, na prática, os consumidores já podem fazer transações, como pagamentos e transferências, utilizando o Pix no âmbito do Open Banking, sem depender do internet banking do seu banco. Isso significa que empresas varejistas podem tornar-se iniciadores de pagamentos (ITPs) próprios, oferecendo ao cliente uma nova opção de pagamento.

Com isso, no futuro, o varejo tem o potencial de tornar possível que o cliente faça uma compra em um pequeno estabelecimento comercial como uma padaria, um posto de combustível ou até um salão de cabeleireiros, e, na hora do pagamento, não apenas faça seu check out sem a necessidade de um App de instituição financeira, mas também tenha a opção de contratar novos produtos e serviços que se relacionam com a sua compra.

“A negociação teria suporte da integração dos softwares de gestão com as várias instituições e bancos digitais, simplificando o processo. E representa uma grande disrupção para o varejo, que abre um novo canal de contato com esse cliente e também uma nova frente de coleta de dados, que combinados com a quantidade infindável de outras fontes significa inúmeras possibilidades de criar ofertas adequadas e customizadas para cada um e de rentabilizar o consumo”, completa o especialista.

Para que essa revolução seja possível, é preciso que todo varejista tenha acesso ao compartilhamento de dados realizado por meio de uma interface de programação de aplicativo (API) para gestão e processamento de pagamentos. Assim, os médios, pequenos e nanos comércios ganham competitividade no mercado e podem aumentar a lucratividade.

Automação e Reconhecimento facial
Já a tecnologia de reconhecimento facial tem ganhado novos usos no âmbito da promoção de experiências diferenciadas para o consumidor e, ao mesmo tempo, enquanto geradoras de informações úteis para os varejistas.

“Nos varejos de médio porte que possuem estratégias de cartão fidelidade, é possível observar a expansão do uso dessa tecnologia para melhorar o processo de pontuação dos clientes. E, como consequência, enquanto estratégia de fidelização”, aponta Claudenir Andrade, diretor do grupo de trabalho de software houses da AFRAC.

A Pin-Face é uma tecnologia aplicada aos cartões de fidelidade que permite que um Pin de apenas 4 dígitos identifique que o cliente é a pessoa x. E, ao apresentar a face, é verificado se o rosto apresentado corresponde com o cadastrado.

“Com isso o reconhecimento facial é muito mais rápido e assertivo, porque não é uma comparação da face apresentada com milhares armazenadas no banco de dados, mas sim uma face apresentada com uma já filtrada no banco de dados pelo Pin. Sendo assim, o cliente ganha acesso, de forma simples e rápida, aos benefícios do seu cartão”, explica Andrade.

E já imaginou poder fechar uma venda através do espelho inteligente? E mais do que isso: conseguir ler pelas expressões do consumidor se ele vai ou não converter a venda e por qual motivo? Parece até inusitado, mas é justamente o que é considerado fora do comum que, muitas vezes, faz diferença nos negócios. E aí está mais um exemplo de aplicação do reconhecimento facial.

O uso do espelho inteligente nos provadores vem sendo utilizado por alguns segmentos de bens de consumo, como de vestuários. Por meio desse canal o potencial comprador pode, enquanto experimenta os itens, interagir com o vendedor para que seja entregue uma experiência de compra positiva e completa. “Isso porque não apenas o shopper pode ter uma assistência reativa, quanto pode receber um atendimento proativo – visto que a tecnologia aplicada é capaz de medir as reações faciais de quem está interagindo com os produtos e de gerar insights que podem mudar a rota e a estratégia da força de vendas para que ela chegue o mais próximo possível de atender suas reais necessidades”, exemplifica o especialista em desenvolvimento de novas tecnologias.

Esses são exemplos de automações comerciais que se beneficiam da tecnologia como fator de inovação e que, aos poucos, vão se tornando tendência e regra de negócio.

Fonte: Varejo SA